A escoliose é um dos problemas mais comuns que atingem a coluna vertebral. Na condição, a coluna se desvia para o lado, passando a apresentar uma deformidade. Ela surge exclusivamente por conta da má postura, ao se usar por tempo prolongado um só lado do corpo. Cada vez mais crianças e adolescentes sofrem com o problema.
De acordo com o Dr. Nilo Carrijo Melo, médico ortopedista e especialista em coluna do Grupo Spine, a escoliose idiopática é o tipo mais comum, e surge principalmente na faixa etária da adolescência. Para se ter uma ideia, ela é responsável por 90% dos casos de deformidade.
"Estudos mais recentes mostram que esse tipo de deformidade pode estar relacionada a alterações genéticas que culminam na tortuosidade da coluna. Sendo assim, sabe-se que um dos fatores de risco para a doença é a presença de parentes de primeiro grau que apresentem a deformidade", explica o especialista.
Má postura é a causa da escoliose
É comum os pais e responsáveis associarem o uso de eletrônicos como celular, computador e videogame para o surgimento de escoliose. De fato, eles acabam por contribuir para uma postura ruim, mas já existe comprovação de que estes não são fatores de risco para o surgimento de escolioses, destaca Nilo.
"O que podemos perceber na prática é que, em decorrência desses hábitos, a criança ou adolescente com escoliose ficam com sua deformidade mais aparente. No entanto, isso ocorre como uma consequência da má postura, não que de fato esteja ocorrendo uma piora da doença causada por estes fatores", esclarece o médico.
Além disso, a mochila pesada também pode ser um fator de risco, seguindo a mesma linha de raciocínio dos fatores anteriores. Ela não é a causa da escoliose, mas contribui sim para uma postura ruim e dores na região das costas. "Podemos concluir, então, que apesar desses fatores não serem causa da condição, é importante não negligenciá-los por serem causa de dor e má postura", ressalta o ortopedista.
Os primeiros sinais de escoliose: como identificar o problema
O médico revela que a maioria dos pais tem grande dificuldade de perceber a escoliose em suas fases iniciais. Por isso, não é incomum chegarem ao consultório com um sentimento de culpa graças a esse "aparente descuido". "Isso ocorre, pois a escoliose é uma deformidade que surge gradativa e lentamente e que se desenvolve ao longo de vários meses, tornando a percepção mais difícil para mães e pais que veem a criança ou adolescente diariamente", afirma.
Dito isso, é importante entender os primeiros sinais que uma escoliose manifesta e permanecer atento. O médico destaca:
- Ombros desnivelados (um ombro fica mais alto que o outro quando olhamos para a criança ou adolescente de frente);
- Cintura assimétrica (quando olhamos a criança ou adolescente pelas costas é possível ver que um lado da cintura é mais "escavado" que o outro);
- Bacia desnivelada (quando olhamos a criança ou adolescente pelas costas é possível observar um lado da pelve mais alto que o outro);
- Escápulas proeminentes (quando olhamos a criança ou adolescente pelas costas é possível perceber uma das escápulas mais proeminentes na pele e/ou na roupa).
"Caso algum desses sinais sejam percebidos, o melhor a se fazer é buscar aconselhar-se com o médico especialista em coluna vertebral de sua confiança, para se determinar o grau exato da deformidade e isso deve ser feito com uma radiografia panorâmica da coluna. A partir deste momento será possível definir o tratamento certo para o caso", elucida o profissional.
Importância do diagnóstico precoce
O ortopedista ressalta que, assim como qualquer outra doença, o diagnóstico precoce é extremamente importante para minimizar as consequências futuras. "Seja evitando a progressão ao ponto de necessitar de uma cirurgia, seja identificando os casos cirúrgicos de maneira mais precoce, o que permite uma melhor correção da deformidade com menor risco de complicações", afirma.
Segundo ele, o teste de Adams pode facilitar o diagnóstico precoce da escoliose, mesmo por pessoas que não sejam profissionais da área da saúde. "Neste teste a criança ou adolescente é solicitado para curvar o tronco para frente com os pés e mãos unidos, sem flexionar os joelhos. O examinador se posiciona por trás da criança ou adolescente e observa se existe uma assimetria da caixa torácica, ou seja, se um dos lados das costas fica mais alto que o outro. Caso isso ocorra, deve-se encaminhar a criança ou adolescente para a avaliação detalhada de um especialista sobre a provável escoliose", orienta o médico.