Estudo aponta que 54% das crianças com TDAH ficaram mais ansiosas na pandemia

No Dia Mundial do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, saiba como identificar os sintomas. TDAH costuma acometer crianças e adolescentes

13 jul 2022 - 16h06
(atualizado às 16h42)
Entenda o TDAH
Entenda o TDAH
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

Desde o início da pandemia de Covid-19, entre o final de 2019 e o início de 2020, a vida de todas as pessoas mudou. Durante o período em que ainda não existiam vacinas para controlar a transmissão do coronavírus, quase todos precisaram se manter em quarentena, por meses e meses.

Medida necessária para evitar que o número de mortes por Covid-19 continuasse a subir descontroladamente. Mas, que também nos deixou sequelas físicas e psicológicas. E entre as crianças diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), o prejuízo parece ter sido maior ainda.

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De acordo com um estudo de coorte transversal feito na Espanha, para avaliar o impacto da Covid-19 sobre as crianças e adolescentes com TDAH durante a primeira onda de isolamento social, 70% das crianças e adolescentes de 7 a 12 anos com TDAH apresentaram distúrbios do sono. Enquanto 54% tiveram sintomas de ansiedade e 9% sintomas depressivos

Um outro estudo, publicado pela Revista Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, que entrevistou 40 cuidadores de crianças com TDAH, demonstrou um maior agravamento de ansiedade e na tolerância à frustração.

"Nesse período de pandemia, notamos que muitos pais ou responsáveis perderam seus postos de trabalho e sentiram dificuldade em manter o acompanhamento interdisciplinar dos pacientes. Seja porque não havia na rede pública um acompanhamento online ou porque os responsáveis não tinham condições financeiras para dar continuidade ao tratamento", observa a neuropsicóloga, Dra. Alessandra Bernardes Caturani, coordenadora do Núcleo de Avaliação Interdisciplinar da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC).

Entenda o TDAH

E hoje, 13 de julho, é o Dia Mundial do TDAH. Uma data simbólica, criada, justamente, para conscientizar as pessoas sobre o problema.

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"O TDAH é um transtorno multifatorial, de alta frequência e grande impacto sobre o portador, sua família e a sociedade. É caracterizado por dificuldade de atenção, hiperatividade e impulsividade que podem combinar-se em graus variáveis, tendo início na primeira infância e podendo persistir até a vida adulta", completa o Dr. Rubens Wajnsztejn, médico neurologista da Infância e da Adolescência, ex-presidente e atual diretor da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI).

Sintomas

Tanto em crianças e adultos, como já se deve imaginar, o transtorno se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.

Na infância, geralmente, os pequenos são tidos como avoados e desatentos. Além disso, segundo a Associação Brasileira do Deficit de Atenção (ABDA), esses indivíduos com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como, por exemplo, algumas dificuldades com regras e limites.

Porém, segundo o Dr. Paulo Sampaio, neuroftalmologista e diretor médico do Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem, mesmo com sintomas aparentes, como agitação incansável dos menores, são raras as crianças com menos de 6 anos encaminhadas para avaliação pelos pediatras ou pelos pais.

"Normalmente, a criança começa a ter dificuldade de aprendizado e acompanhamento escolar a partir dos 6 anos. Dessa forma, a própria escola - professora ou orientadora pedagógica - pede para que os pais do aluno o levem para uma avaliação médica e multiprofissional", explica.

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Já em adultos, geralmente, ocorrem problemas de desatenção em relação ao cotidiano e a vida profissional, bem como a falha na memória. De acordo com ABDA, são inquietos, fazem diversas coisas em simultâneo, e também apresentam impulsividade.

Ademais, possuem uma grande frequência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.

Tratamentos

Sampaio explica que é recomendado evitar o início do tratamento medicamentoso com base em uma única consulta médica, onde os responsáveis respondem um "questionário diagnóstico" baseado  em algo que não tem valor legal no Brasil, o DSM-V (Manual de Doenças Mentais da Academia Americana de Psiquiatria).

"Uma vez excluída, de fato, qualquer doença que possa simular o TDAH, tem início o tratamento", clarifica. O Neurologista e/ou o Psiquiatra podem escolher entre os diversos medicamentos hoje existentes no mercado, de acordo com as características de cada paciente, claro.

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Dessa forma, muitas vezes são necessárias associações de remédios ou elaboração de fórmulas. "Além do tratamento medicamentoso, somos obrigados a recuperar o atraso na escolarização (apoio Psicopedagógico), ajudar psicologicamente o paciente e a família (apoio Neuropsicológico) e corrigir as alterações sensoriais decorrentes do período em que o indivíduo não estava diagnosticado", esclarece Sampaio.

Além disso, os medicamentos podem ser associados a acupuntura, que traz o benefício da redução da dose necessária - ou, em alguns casos, a suspensão total. De acordo com Luciano Curuci, médico acupunturista e presidente do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo, em casos de crianças, a acupuntura pode ser aplicada de forma sistêmica convencional, com agulha sendo usadas de forma clássica, ou em alguns casos pode se optar por técnicas de microssistemas, como a auriculoacupuntura e a craniopuntura de Yamamoto (YNSA).

Dessa forma, segundo Curuci, com ou sem tratamento, a doença tende a reduzir os efeitos com a maturação neuronal. "Casos graves permanecem na idade adulta e se não tratados buscam conforto nas drogas psicoativas, que simulam os efeitos dos medicamentos usados no TDAH", clarifica.

E para finalizar, lembre-se que essa matéria não tem valor de diagnóstico. Vale ressaltar que cada pessoa é singular e pode apresentar diferentes sintomas e causas. Apenas um especialista poderá analisar o caso corretamente e traçar a melhor estratégia para solucionar o problema.

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