Um novo estudo chinês publicado no jornal científico PNAS descobriu que o consumo frequente de frituras, principalmente de batatas fritas, está associado à ansiedade e depressão. Segundo a pesquisa, quadros de ansiedade aumentaram em 12% e os de depressão, em 7%, em relação a pessoas que não comem frituras.
Nutricionista do Minas Tênis Clube e da Clinica Soloh, Renata Brasil explica a relação por meio dos efeitos dos padrões alimentares no intestino. “Nosso cérebro reage com marcadores inflamatórios que apresentamos não só por fatores genéticos, mas também pela nossa alimentação”, diz.
Segundo ela, as frituras podem reduzir a permeabilidade das células, permitindo que esses metabólitos inflamatórios cheguem à corrente sanguínea e ao sistema nervoso central, acentuando sintomas de depressão e influenciando em processos que regulam a emoção no cérebro humano.
“Quando relacionamos essa lógica acima às batatas fritas há uma preocupação maior para possíveis efeitos de humor, porque elas podem causar grandes picos de açúcar no sangue e, em seguida, respostas desses hormônios a esses picos. Apesar do fato de que esses picos são, em partes, atenuados pela gordura, que seria fornecida pela fritura, trata-se de uma gordura com metabólitos tóxicos, que causam essa alteração de humor", explica Renata.
Sem conclusão ainda
Ainda assim, de acordo com a especialista, os resultados desse estudo são preliminares e não está necessariamente claro se as frituras estavam causando problemas de saúde mental ou se as pessoas com sintomas de depressão ou ansiedade se voltaram para as frituras.
No entanto, os alimentos afetam sim o humor, segundo Renata, por meio da secreção de hormônios autonômicos contrarreguladores, como cortisol, adrenalina, GH e glucagon.
“Os estudos vêm mostrando que esses hormônios contrarreguladores podem causar alterações na ansiedade, irritabilidade, tristeza, entre outros sintomas comuns em pessoas diagnosticadas com depressão. No entanto, não podemos impor o não consumo desses alimentos, mas minimizar seus efeitos através do equilíbrio em seu consumo e dos cuidados com a microbiota intestinal, além da inclusão na dieta de componentes anti-inflamatórios, como alimentos in natura”.
Alimentos no combate à depressão
Ainda de acordo com Renata, os alimentos podem sim ser auxiliares no combate à depressão, reduzindo o consumo de açúcar simples, carboidratos refinados e aumentando a ingestão de frutas, verduras, legumes e proteínas magras.
“O cuidado com a alimentação deve ser relacionado também a enriquecer a dieta, uma vez que as consequências de uma alimentação pobre em nutrientes incluem o risco de obesidade e diabetes, que já estão associados a uma piora da saúde mental", conclui a especialista.