O dia a dia imerso na realidade do SUS (Sistema Único de Saúde), acompanhando e atendendo por mais de 10 anos vítimas da vulnerabilidade social, foi o ponto de partida para que os médicos Erica e Domingos Mantelli idealizassem um projeto que pudesse mudar a qualidade da saúde de várias mulheres.
Especializados em ginecologia e obstetrícia, os médicos contaram ao Terra que ainda jovens, no início da carreira, observavam um crescente número de gestações de alto risco e com grandes complicações, principalmente de doenças que seriam possíveis de fazer a prevenção se o acesso à saúde fosse mais facilitado.
A disparidade da situação de mulheres gestantes que eram atendidas pelos médicos em unidades privadas só confirmava a tese dos profissionais quanto ao acesso adequado à saúde durante uma gravidez.
“Foi algo que tocou muito no nosso coração. Dar uma oportunidade maior para esses bebês em formação, proporcionar uma gestação mais tranquila e saudável e um parto adequado para gestantes”, diz a médica Erica Mantelli.
Pensando na importância da qualidade de uma boa assistência para a prevenção, desenvolvimento e tratamento de doenças, o casal criou o Instituto Mantelli, com o objetivo de facilitar esse acesso, focando na programação metabólica e prevenção das complicações durante a gestação, parto e puerpério.
O Instituto foi lançado no mês de dezembro de 2023, em São Paulo, com a assinatura de um acordo de cooperação com a Organização das Nações Unidas (ONU). O casal pensa em expandir o projeto e trabalha com a captação de voluntários e patrocinadores para atingir o objetivo.
Um dos primeiros projetos a serem realizados neste primeiro semestre do ano, será um workshop de educação sexual e prevenção de abuso sexual, destinado à formação e informação de pais, professores, agentes de saúde e pessoas que trabalham com crianças. O objetivo é orientar e educar crianças e adolescentes para que saibam se proteger contra o abuso sexual.
“Estamos concentrando esforços na captação de recursos para adquirir unidades móveis de atendimento humanizado, que serão nossas carretas de atendimento. Embora o investimento seja alto, temos certeza de que, com o apoio da população e de grandes empresas, em breve realizaremos os primeiros atendimentos com as carretas”, projeta Erica.
Os médicos estimam que cada unidade móvel de atendimento consiga receber 80 mulheres por dia, representando mais de 21 mil atendimentos durante o ano por unidade, contribuindo até para a redução das filas no SUS.
A obstetra conta que com a proposta de reduzir essas filas, está pleiteando a captação de pacientes que estão em cadastro pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social).
“É onde a gente vai conseguir drenar pessoas de determinadas localizações e que realmente estão numa situação de vulnerabilidade e de baixa renda, para que elas consigam ser atingidas e ter as suas consultas agendadas”, explica.
Atualmente, o Instituto está em fase de implementação de estratégias para realizar os agendamentos e projeta em 3 anos, ter uma unidade móvel em cada estado do país. O maior desafio ainda é a captação de recursos.
“Nós temos certeza que com grandes apoiadores, muito em breve já estará estabelecido uma rotatividade de doadores e de patrocinadores para que esse projeto consiga realmente impactar e mudar milhares de vidas”.
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