A frente fria chegou e, dessa vez, parece que veio para ficar. O clima pede atenção redobrada com a saúde, pois as baixas temperaturas aumentam em até 20% o risco de se ter um AVC (acidente vascular cerebral), alerta o Instituto Nacional de Cardiologia.
De acordo com o médico neurocirurgião especialista em AVC, Dr. Victor Hugo Espíndola, esse risco aumentado se deve a produção de determinados hormônios neurotransmissores que levam a uma vasoconstrição das artérias. Isto é, faz com que elas se contraiam, obstruindo o fluxo sanguíneo e provocando um acidente vascular.
Então, se o paciente tiver alguma condição que predisponha a ocorrência de um AVC, como uma placa de gordura, por exemplo, a artéria que já estaria comprometida se torna ainda mais suscetível durante o frio, aponta Victor Hugo.
"Além disso, essa vasoconstrição arterial ela leva a um aumento da pressão arterial, que também é um fator de risco tanto para AVC isquêmico quanto para hemorrágico. Mas existem outros hábitos de vida também que se intensificam no frio: as pessoas tendem a consumir mais bebida alcoólica, a fumar mais, beber menos líquido e, por isso, se desidratam. Tudo isso é fator de risco para o AVC", acrescenta o médico.
O neurocirurgião reforça que as temperaturas baixas não aumentam apenas o risco de um acidente vascular cerebral isquêmico, mas também de um episódio hemorrágico - seja por ruptura de aneurisma cerebral ou pico hipertensivo, o que também aumenta no clima frio. "Todas as doenças cardiovasculares, de modo geral, entre elas o infarto, que é um uma das principais causas de morte, também aumenta em estações mais frias", alerta.
Prevenção
Até 80% dos casos de AVC podem ser evitados com a adoção de bons hábitos de vida, aponta o Dr. Victor Hugo. O especialista indica algumas medidas:
- Controle da hipertensão;
- Controle do diabetes;
- Controle do colesterol;
- Evitar o sedentarismo;
- Interromper o tabagismo;
- Moderar o consumo de bebidas alcoólicas;
- Manter boa hidratação principalmente no frio;
- Se agasalhar bem para evitar o processo de vasoconstrição.
Na mínima suspeita de AVC é preciso encaminhar o paciente o mais rápido possível pro hospital para garantir um diagnóstico e tratamento rápido. "Com isso a gente consegue reverter muitos sintomas e deixar vários pacientes até mesmo sem sequelas", destaca o neurocirurgião.
Victor lembra que o AVC hoje é a doença que mais mata e que mais incapacita no Brasil e no mundo. "É uma doença que tem tratamento, mas esse tratamento está intimamente relacionado ao tempo. Quanto mais precoce for, melhores serão os resultados e maiores são as chances do paciente sair sem sequelas", afirma.
"Então, na mínima suspeita, o paciente tem que procurar o hospital mais próximo para esse diagnóstico ser concluído e o tratamento ser efetivado. É bom lembrar que a gente consegue evitar a grande maioria dos casos com medidas simples de bons hábitos de vida", reforça o médico.