Georgina Rodríguez revelou que já sofreu três abortos espontâneos antes de conseguir gerar os gêmeos Matteo e Eva, de cinco anos, Alana Martina, dois e Bella Esmeralda, de 11 meses. A declaração foi feita na segunda temporada da série documental "Sou Georgina" (Netflix), que ainda não estreou.
Segundo o jornal "El Español", a modelo relatou que toda vez que ia ao ginecologista tinha pesadelos à noite porque se preocupava em que posição eles [filhos] poderiam estar, como o parto seria, se seria uma cesariana. “Tinha muito medo de todo ultrassom, eu ficava tensa porque tinha tido três abortos espontâneos antes e voltava para casa arrasada".
O número de perdas sofridas pela mulher chama atenção. Afinal, por que acontece o aborto espontâneo? Quais os fatores de risco? Há como prevenir? Explicamos.
Aborto espontâneo varia com idade da mulher
Segundo Marcelo Cavalcante, especialista em reprodução assistida pela FEBRASGO e especialista em Imunologia da Reprodução pela Sociedade Americana de Imunologia de Reprodução, a ocorrência do aborto espontâneo varia de acordo com a idade da mulher. Entenda:
- 15% das gestações em mulheres com menos de 35 anos;
- Entre 35-39 anos este risco aumenta para 25%;
- Entre 40-44 anos para cerca de 50%;
- Após 45 anos para mais de 90%.
O fenômeno é a interrupção não provocada da gravidez na primeira metade da gestação (antes de 20 semanas). “O aborto espontâneo de forma isolada é a principal complicação na gravidez. Alteração genética no momento da formação do embrião é a principal causa de aborto espontâneo, responsável por até metade dos casos. Endocrinopatias, infecções, alterações na coagulação do sangue, problemas na anatomia do útero e anormalidades do sistema imunológico são outras causas de aborto espontâneo”, explica o médico.
Aborto de repetição
Marcelo aproveita para avaliar o caso da esposa de Cristiano Ronaldo. Segundo o especialista, a ocorrência de abortos espontâneos repetidos (duas ou mais perdas) é definida como aborto recorrente ou abortos de repetição ou aborto habitual. “É uma condição que acomete até 5% dos casais que tentam engravidar. A investigação minuciosa deve ser realizada a partir do segundo aborto consecutivo, pois quanto maior o número de perdas gestacionais anteriores, maior é o risco de abortamento na gestação seguinte”, reflete.
Quais os fatores de risco?
Segundo Cavalcante, o estilo de vida e os hábitos podem ter relação com risco de aborto espontâneo. Dieta com padrão inflamatório, desnutrição, tabagismo, uso excessivo de café e estresse são condições favoráveis.
“O risco de perda gestacional, em casos como o da Georgina, deve ser avaliado individualmente. É fundamental o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, composta por médico especialista em reprodução humana, nutricionista e psicólogo”, pontua.
O relato de Georgina deixa claro que mulheres que passaram por isso podem engravidar normalmente depois. Mas, para isso, é interessante fazer uma avaliação e tratamento adequados. “Eventualmente, alguns casais podem necessitar das técnicas de reprodução assistida, como a Fertilização in Vitro, especialmente em casos que seja indicado o estudo genético pré-implantacional (avaliação genética do embrião antes de transferi-lo para a cavidade uterina)”, conclui.