Pesquisa: exame de sangue pode prever se grávida terá depressão pós-parto

Pesquisadores da Johns Hopkins dizem ter descoberto alterações químicas em dois genes que, quando presentes na gravidez, podem prever com 85% de certeza se a mulher sofrerá de depressão pós-parto. “Ficamos muito surpresos com as descobertas do estudo. Quando vimos os primeiros resultados, nos sentimos cautelosamente otimistas. Mas, quando eles foram replicados, ficamos realmente entusiasmados”, disse ao Terra Zachary Kaminsky, chefe do estudo.

Estima-se que entre 10% e 18% das mulheres sofrem de depressão depois de darem a luz
Estima-se que entre 10% e 18% das mulheres sofrem de depressão depois de darem a luz
Foto: Getty Images

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O estudo mostra que modificações epigenéticas podem ser detectadas no sangue de mulheres grávidas desde o primeiro trimestre da gravidez. Isso pode oferecer uma maneira simples de prever a depressão pós-parto e possibilitar uma intervenção antes que os sintomas se tornem graves.

Ao estudar camundongos, os pesquisadores da Johns Hopkins passaram a suspeitar que o estrogeno causava mudanças epigenéticas nas células no hipocampo, a parte do cérebro que controla o humor. A partir disso, os pesquisadores desenvolveram um modelo estatístico para localizar os genes mais prováveis de sofrerem mudanças epigenéticas causadoras de depressão pós-parto. O processo identificou dois genes que reagem mais ao estrogeno: TTC9B e HP1BP3. Pouco é conhecido sobre esses genes, além de seu envolvimento com a atividade do hipocampo.

As descobertas do estudo com camundongos foram depois confirmadas nas amostras sanguíneas das 52 participantes do estudo, todas com histórico médico de transtornos de humor. Essas mulheres foram acompanhas durante a gravidez e após o parto. Foi observado que as participantes com depressão pós-parto apresentavam mudanças epigenéticas maiores nos genes TTC9B e HP1BP3, sugerindo que essas mulheres eram mais sensíveis aos efeitos do estrogeno.

De acordo com Kaminsky, os genes TTC9B e HP1BP3 têm uma função na criação de novas células do hipocampo e na capacidade de o cérebro se reorganizar e adaptar a novos ambientes.  “O índice de acerto de 85% da previsão de depressão pós-parto desse estudo é bem alto. E, melhor ainda, é a simplicidade dessa análise, que pode ser feita com um simples exame de sangue", diz Kaminsky.

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Estima-se que entre 10% e 18% das mulheres sofrem de depressão depois de darem a luz. A causa específica da depressão pós-parto é desconhecida. Os sintomas incluem sentimento persistente de tristeza, desespero, exaustão e ansiedade. Os sintomas surgem dentro de quatro semanas depois do parto, podendo durar semanas, meses ou mesmo um ano. 

O estudo não encontrou uma relação entre a depressão pós-parto com a idade nem com a etnia das participantes. O fator amamentação não foi considerado pelo estudo. Mas os pesquisadores já sabiam que a incidência de depressão pós-parto aumenta para 30% e 35% entre mulheres previamente diagnosticadas com transtornos de humor. 

Segundo os pesquisadores, identificar cedo a depressão pós-parto pode limitar ou mesmo evitar que a condição chegue ao ponto de incapacitar as mulheres que sofrem com essa condição. “A depressão pós-parto não apenas afeta a saúde e a segurança da mãe, como também a saúde mental, física e comportamental do bebê. Essa nova ferramenta pode ajudar as grávidas com maior risco de depressão pós-parto a ter uma ideia mais clara de como administrar sua saúde", diz o chefe do estudo.

Fonte: Especial para Terra
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