Gestante cega se emociona ao sentir rosto da filha em impressão 3D após fazer ultrassom; veja vídeo

Réplica digital do rosto do bebê em tamanho natural pode ser feita a partir da 26ª semana de gravidez

13 dez 2023 - 15h02

Gestante cega se emociona ao sentir rosto da filha em impressão 3D após fazer ultrassom.
Gestante cega se emociona ao sentir rosto da filha em impressão 3D após fazer ultrassom.
Foto: Divulgação/Alta Diagnóstico / Estadão

A impressão do rosto do bebê em 3D revolucionou a experiência das gestantes e de familiares com deficiência visual. Afinal, dessa forma, a pessoa cega pode ter a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento do filho e conhecê-lo por meio do toque.

Foi o caso de Mellina Reis, de 40 anos, que é cega e está grávida pela primeira vez. Um ultrassom feito com 26 semanas de gestação, no dia 8 de novembro deste ano, foi replicado digitalmente e, assim, ela teve a oportunidade de sentir o rosto de Sofia.

"Para a minha mãe e o meu marido, que estão participando ali do ultrassom, eles estão vendo. Eu sei o que eles vão me descrevendo, mas nossa forma de ver (quando a pessoa é cega) é tocando", disse, emocionada.

Por meio das redes sociais, a turismóloga é conhecida pelo perfil 4 Patas pelo Mundo. Ela descreve as aventuras ao lado do seu cão-guia chamado Hilary, além de abordar temas como acessibilidade. Agora, também tem compartilhado suas experiências como gestante e deficiente visual.

"Poder tocar e criar através do toque, o rosto da minha filha, é muito importante. Conseguir sentir como é o rostinho da minha filha ainda dentro do meu útero. Foi algo muito emocionante. O projeto me proporcionou ter essa experiência incrível", afirmou Mellina após receber do marido, o administrador Renato Durval, a impressão em 3D do rosto da menina, cujo nascimento está previsto para fevereiro de 2024.

Um dos idealizadores do projeto é o ginecologista e obstetra Heron Werner, especialista em medicina fetal do Alta Diagnósticos, marca pertencente à Dasa, rede de saúde integrada do Brasil. Segundo ele, a ideia surgiu de uma parceria estabelecida entre a Clínica de Diagnóstico por Imagem (CDPI/Dasa) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). A impressão para deficientes, por meio do Projeto Feto 3D, começou em 2011.

"Fazemos pesquisas na área de obtenção de imagens de formas não-invasivas em exames médicos, visando a replicação tridimensional em meio físico por meio das impressoras 3D. Nesse processo, começamos a estudar a aplicabilidade da impressão 3D à medicina fetal com o objetivo de conectar deficientes visuais com os seus bebês antes mesmo de nascerem", conta Werner.

Além de materializar o ultrassom para casais com deficiência visual, a impressão dos fetos é importante para a rotina de cirurgias pós-natais. "Com os modelos 3D, é possível planejar cirurgias em bebês com algum tipo de má-formação e que precisam ser operados logo após o parto ou com poucos meses de vida", afirma o médico.

A possibilidade de eternizar o desenvolvimento do bebê está disponível nas unidades do Alta Diagnóstico em São Paulo e no Rio de Janeiro. Antes, somente pessoas com deficiência tinham acesso. Desde o início do ano, porém, a possibilidade de adquirir a impressão em 3D foi ampliada.

Para isso, a paciente precisa realizar um ultrassom de sua rotina pré-natal entre a 26ª e a 32ª semana e é importante que o rosto do bebê esteja visível durante o exame.

Após a realização do exame, a imagem segue para impressão no Laboratório de Biodesign Dasa/PUC-Rio e o prazo para recebimento é de sete dias úteis. O custo é de R$ 350. No caso de deficientes visuais, a impressão em 3D é gratuita.

Vinculado ao Departamento de Artes e Design da faculdade (PUC-Rio), o Laboratório de Biodesign Dasa pretende avançar nas pesquisas em tecnologias 3D na área de medicina fetal e também em neurologia, cardiologia, ortopedia e transplantes.

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Da esquerda para direita: Pais da Mellina (Ricardo Reis e Silvana Reis), Mellina Reis e o marido dela, Renato Durval. Na mão, ela segura a moldura com o rosto de sua filha.
Foto: Divulgação/Alta Diagnóstico / Estadão
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