A participação de Jair Bolsonaro na reunião desta segunda-feira, 8, com a Pfizer para a compra de vacinas já foi uma reação à movimentação dos governadores de organizarem um pacto nacional para fazerem o combate à pandemia do coronavírus. A mobilização dos governadores causou desconforto no Planalto e foi interpretada como uma tentativa de enfraquecimento político da autoridade de Bolsonaro.
Com os números cada vez maiores de mortes e de casos da doença, integrantes do governo reconhecem que houve grande desgaste político. O plano, agora, é estancar essa crise o mais rápido possível e retomar o pé nessa discussão com a ampliação da aquisição de mais vacinas.
Dentro dessa estratégia, foi por isso que não apenas o presidente participou da reunião com o CEO da Pfizer, Alberto Boula, feita através de videoconferência. Também foram chamados os dois principais nomes da economia, o ministro Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Guedes foi escalado pelo presidente para anunciar os resultados da reunião, onde ficou acertado o adiantamento pela Pfizer de mais 5 milhões de doses da vacina para maio e junho, totalizando 14 milhões.
A escolha de Guedes para fazer o anúncio foi decidida para sinalizar ao mercado que está havendo uma mobilização do governo para evitar que a atividade econômica sinta em demasia os efeitos da pandemia. Tanto que o ministro fez questão de afirmar que a vacinação em massa é a saída para que o Brasil supere essa crise.
Na prática, o governo decidiu fazer uma freada de arrumação para evitar que o movimento dos governadores prejudicasse ainda mais sua imagem. Isso não significa que a beligerância entre os dois grupos vai acabar. Pelo contrário. A avaliação dos bolsonaristas é que, a despeito da questão da saúde pública, a disputa eleitoral de 2022 também é parte integral dessa crise.