Entramos oficialmente no outono na última quarta-feira (20), o que promete mudanças climáticas como queda das temperaturas e da umidade relativa do ar. Esse é o cenário perfeito para a proliferação do vírus Influenza, responsável pela gripe.
Para saber como evitar a contaminação e preservar a saúde durante a estação, o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pós-PhD em Neurociências pela Universidade da Califórnia e Biólogo Membro da Royal Society of Biology, explica tudo o que é preciso saber sobre o vírus.
Origem misteriosa
A origem do vírus Influenza ainda é um mistério, mas a teoria mais aceita aponta para o RNA como a chave para desvendar esse enigma. De acordo com o Dr. Agrela, o vírus pode ter se originado a partir do RNA de aves selvagens aquáticas, como patos e gansos. E, através de mutações e recombinações, o vírus se adaptou e se tornou capaz de infectar humanos.
Jornada do RNA
O RNA, ou ácido ribonucleico, é uma molécula essencial para a vida. "Sua origem ainda é incerta, mas as hipóteses mais plausíveis sugerem que ele tenha se originado a partir de moléculas simples presentes na Terra primitiva ou através da transcrição do DNA", explica o neurocientista.
Vida do vírus
O vírus Influenza se replica dentro das células do corpo humano, causando os sintomas clássicos do resfriado, como dor de garganta, tosse, coriza e febre. O tempo de vida do vírus dentro do corpo varia, mas geralmente é de 3 a 7 dias.
Clima, temperatura e vento
Conforme o Dr. Fabiano, o vírus Influenza sobrevive melhor em ambientes frios e secos, com temperaturas entre 0°C e 10°C. Nessa temperatura, ele se mantém estável por horas e até dias.
Além disso, a baixa umidade facilita a suspensão das gotículas respiratórias no ar, aumentando o risco de contágio. Por isso, a gripe é mais frequente em estações como o outono e o inverno.
Vale destacar ainda que, de acordo com o pesquisador, o aumento da velocidade do vento pode impactar a transmissão do Influenza de duas maneiras:
- Dispersão: O vento forte pode dispersar as gotículas respiratórias por longas distâncias, aumentando o risco de inalação do vírus;
- Diluição: Em ambientes abertos, o vento pode ajudar a diluir as gotículas respiratórias no ar, reduzindo o risco de contágio.
Isso, por sua vez, está diretamente relacionado ao tamanho das gotículas e tempo no ar, conforme ele explica:
- Gotículas maiores (> 5 micrômetros): Caem no chão rapidamente (em até 30 minutos);
- Gotículas menores (< 5 micrômetros): Podem permanecer no ar por horas, especialmente em ambientes fechados.
Transmissão e propagação do Influenza
"O vírus Influenza é altamente contagioso e se transmite principalmente através das gotículas respiratórias expelidas ao tossir ou espirrar. O contato com superfícies contaminadas também pode ser uma via de transmissão", alerta Fabiano.
Chuva e proliferação
Segundo o neurocientista, a chuva em si não contribui para a proliferação do vírus Influenza. No entanto, o tempo chuvoso geralmente é acompanhado de outros fatores que favorecem a transmissão, como:
- Maior tempo em ambientes fechados: Aumento do contato próximo entre as pessoas;
- Baixa umidade: Facilita a suspensão das gotículas respiratórias no ar;
- Ressecamento das mucosas: Facilita a entrada do vírus no organismo.
Prevenção e controle do vírus
As medidas de prevenção contra o resfriado são simples, mas eficazes. O pesquisador aponta as principais formas de evitar a gripe:
- Vacinação: A vacina contra a gripe é a melhor forma de prevenir a infecção;
- Lavar as mãos frequentemente: Com água e sabão, ajuda a eliminar o vírus;
- Higiene respiratória: Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar;
- Evitar aglomerações: Reduz risco de contato com o vírus;
- Mantenha os ambientes ventilados: Reduz a concentração de vírus no ar.
"Ao compreender a origem, a vida, as características e o comportamento do vírus Influenza em diferentes condições climáticas, podemos tomar medidas eficazes para prevenir o resfriado e proteger a nossa saúde. As medidas de prevenção, como a vacinação, a higiene e o conhecimento sobre a influência do clima e do vento, são essenciais para evitar a transmissão do vírus e reduzir o impacto do resfriado na nossa vida", finaliza o especialista.