Hábitos saudáveis podem atrasar em até 10 anos o câncer e as doenças do coração, mostra estudo

Pesquisa divulgada em periódico médico britânico avaliou dados de 111 mil pessoas acompanhadas por duas décadas.

13 jan 2020 - 12h13
Fazer exercícios e ter uma dieta equilibrada reduz o risco de aparecimento de doenças cardiovasculares, câncer e diabetes
Fazer exercícios e ter uma dieta equilibrada reduz o risco de aparecimento de doenças cardiovasculares, câncer e diabetes
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Hábitos saudáveis podem dar às mulheres dez anos "extras" de vida sem câncer, problemas no coração ou diabetes tipo 2.

Para os homens, o benefício de uma rotina sem cigarros, com uma dieta balanceada e exercícios regulares pode chegar a 7 anos a mais livres dessas doenças.

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As conclusões fazem parte de uma pesquisa assinada por 13 cientistas e publicada nesta semana no periódico médico britânico BMJ.

O levantamento foi feito sobre duas bases de dados, uma americana e outra britânica, que compilam informações sobre cerca de 111 mil indivíduos acompanhados por duas décadas.

Para Frank Hu, da Escola de Saúde Pública de Harvard, um dos autores, o estudo traz "uma mensagem positiva para as pessoas".

"Melhorando seus hábitos cotidianos, elas podem ganhar não apenas mais anos de vida, mas bons anos, com qualidade."

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O que são hábitos saudáveis?

Os dados mostram quantos dos participantes, quando completavam 50 anos, se encaixavam em pelo menos quatro de cinco critérios:

- Nunca havia fumado;

- Seguiam uma dieta balanceada;

- Faziam pelo menos 30 minutos de atividade física de moderada a intensa todos os dias;

- Tinham Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 18,5 e 24,9;

- Não consumiam mais de uma taça pequena de vinho por dia, no caso das mulheres, ou de 500 ml de cerveja, no caso dos homens.

Uma dieta equilibrada inclui o consumo de frutas, legumes e verduras
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

As mulheres que se encaixavam em quatro dos cinco critérios viveram em média 34 anos sem o surgimento de câncer, problemas cardiovasculares, como ataque cardíaco ou derrame, e diabetes tipo 2 — dez anos a mais do que as mulheres que estavam fora desse grupo.

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Já os homens com hábitos considerados saudáveis viveram 31 anos em média livres dessas doenças, sete anos mais que os colegas que não se encaixavam nos critérios.

Por que existe uma diferença entre homens e mulheres?

A disparidade entre os gêneros pode ser explicada pelo fato de que as mulheres, em geral, já vivem mais que os homens.

Entre os participantes do estudo, aqueles com a saúde em melhores condições nunca haviam fumado
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Homens que fumavam mais de 15 cigarros por dia e homens e mulheres obesos (com IMC superior a 30) estavam entre os perfis que apresentaram menor expectativa de vida, ainda de acordo com o estudo.

Para ambos os sexos, um estilo de vida mais saudável não apenas reduziu o risco de aparecimento das três doenças, mas também aumentou as chances de sobrevivência nos casos em que elas foram diagnosticadas.

Por que o estudo se concentrou nessas três áreas?

Câncer, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 são os males que mais acometem as pessoas à medida que envelhecem. E são também as que têm maior relação com os hábitos dos pacientes.

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Pesquisas mostram que obesidade e sobrepeso, por exemplo, estão ligadas a 13 tipos diferentes de câncer, incluindo o de mama, de intestino, de rim, de fígado e de esôfago.

A Cancer Research UK, instituição sem fins lucrativos baseada no Reino Unido e dedicada à pesquisa do câncer, calcula que quatro em cada 10 casos da doença podem ser prevenidos com mudanças no estilo de vida dos pacientes, como diminuir o consumo de carne processada, aumentar a ingestão de fibras e proteger a pele dos raios ultra-violetas.

Como se trata de um estudo de observação, as conclusões não implicam uma relação causal, ou seja, que os hábitos saudáveis sejam diretamente responsáveis pelo atraso no aparecimento das doenças.

Ele aponta uma correlação.

Além disso, está baseado em informações fornecidas pelos próprios participantes — sobre os hábitos alimentares e de exercícios, peso e altura — e que, por isso, podem não ser rigorosamente precisos.

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A pesquisa procurou ainda levar em conta outros fatores além dos hábitos cotidianos, como o histórico médico familiar dos participantes, etnia e idade, que também podem ter tido impacto nos resultados.

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