Implante para tratar depressão? Entenda dispositivo aplicado pela 1ª vez no Brasil

Tratamento só é recomendado para pacientes de depressão refratária, que não "melhora” com medicamentos

18 set 2023 - 15h58

Médicos do Hospital SOS Cárdio, de Florianópolis, em Santa Catarina, anunciaram que foi realizado, no dia 11 de agosto, o primeiro implante no Brasil do dispositivo de eletroestimulação que combate a depressão resistente. Este dispositivo foi autorizado pela Anvisa e já foi usado para controlar crises epilépticas anteriormente. 

Segundo a equipe que realizou o procedimento, os dois pacientes selecionados já haviam passado por tratamentos convencionais para combater a doença, mas nenhum dos métodos tradicionais apresentou resultados.

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Veja implante para tratar depressão
Veja implante para tratar depressão
Foto: AngelaMacario

O implante estimula um dos nervos responsáveis pelos estímulos parassimpáticos do organismo humano, o verno vago. "A estimulação do nervo, faz com que eimpulsos elétricos subam e estimulem áreas do cérebro ligadas aos afetos humanos, melhorando o humor e a depressão", explicou Wuilker Knoner Campos, neurocirurgião que realizou o implante, em entrevista ao UOL.

"É como se você estivesse sem bateria e precisasse de uma carga extra. De forma coloquial, é isso que fazemos, damos uma carga nesta área do sistema do humor e das emoções", disse ainda o especialista.

A depressão resistente é também chamada de refratária. Ela se caracteriza por sintomas crônicos da doença que não melhoram com tratamentos convencionais, como uso de antidepressivos.

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Atualmente, a cirurgia para implantar o dispositivo só pode ser realizada por meio particular. Para realizar a operação, o paciente precisa tomar anestesia geral. O médico, então, faz duas incisões no corpo, uma próxima à clavícula e à axila esquerda, e a outra perto do pescoço, em que os eletrodos se conectam ao nervo.

O preço de cada dispositivo pode chegar a R$100 mil, mas estes usados nos pacientes brasileiros foram doados pelo fabricante, para "inaugurar" o tratamento no Brasil. 

Na entrevista, o neurocirurgião Wuilker Campos afirmou que as melhoras nos quadros dos pacientes já podem ser sentidas após sete meses do implante. Um estudo realizado nos Estados Unidos com 795 pessoas mostrou que o grupo que recebeu a estimulação elétrica apresentou quase 27% de melhora em relação ao grupo que fez o tratamento habitual.

O transplante, contudo, só pode ser realizado em pacientes que já passaram por diferentes tratamentos, como uso da cetamina, estimulação magnética e eletroconvulsoterapia, além da medicação tradicional, é claro. O preço da cirurgia não foi revelado.

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Fonte: Redação Terra Você
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