Invariavelmente, hora ou outra você vai apresentar um inchaço nos pés e tornozelos, principalmente porque essas são as regiões de maior impacto do corpo. "Como os pés e os tornozelos sustentam o nosso corpo, eles automaticamente, por efeito da própria gravidade, sempre serão o local de maior acúmulo de líquido do nosso corpo. Por isso, são um indicativo de que algo não vai bem. Os pés são os primeiros a demonstrar o inchaço independente da sua causa e são um ótimo índice para o exame físico numa consulta médica para avaliar a retenção de líquidos", explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).
Causas de origem no próprio organismo
De acordo com a médica, o inchaço pode ocorrer por causa sistêmica. Isto é, por problemas mais generalizados no corpo como alterações dos hormônios da tireoide, como o hipotireoidismo, ou variações de hormônios ginecológicos, como na menopausa ou na TPM. "Nessas situações geralmente temos uma dilatação dos vasos que favorece o acúmulo de líquidos. Outra causa sistêmica pode ser o mau funcionamento dos rins, relacionado ao acúmulo de líquido importante em todo o corpo, pois na insuficiência renal, o rim para de filtrar e expelir a urina; isso gera um desequilíbrio hídrico que sempre vai ter uma manifestação nas pernas", conta a médica.
No entanto, o inchaço também pode ser resultado de causas específicas, como condições nas pernas associadas a processos inflamatórios locais (tendinites, artrite e erisipelas). "Nesses casos em geral vemos o comprometimento de apenas um membro", afirma a cirurgiã vascular. Mas esses não são os únicos fatores que levam a um edema na região dos pés e tornozelos.
Problemas circulatórios também podem causar o inchaço
"Condições circulatórias também têm relação com o acúmulo de líquidos, em casos urgentes como trombose geralmente unilateral, e bilateral quando falamos em varizes e doença venosa. A própria hipertensão arterial pode causar a inchaço das pernas quando descompensada. A insuficiência venosa, as famosas varizes, e a síndrome pós-trombótica têm como consequência o inchaço crônico nas fases mais avançadas da doença, associadas geralmente a dermatites, escurecimento da pele no local e até o aparecimento de feridas", explica a Dra. Aline Lamaita.
"Outra condição vascular menos frequente é o linfedema, que causa alterações no sistema linfático, frequentemente levando a um inchaço crônico e podendo evoluir para deformidade do membro, mas nesse caso em geral acomete apenas um dos membros", detalha a especialista.
Condições externas também influenciam
Também existem condições em que não há doença ou mudança hormonal envolvida. "Esse inchaço geralmente acontece no calor, nas duas pernas, após um dia puxado; a condição regride facilmente com o repouso ou após uma noite de sono e geralmente não necessitam de maiores preocupações", esclarece. "Mas se o edema é frequente, ou é unilateral, ou associado a outros sintomas como dor, coceira, vermelhidão, ou que não cedem facilmente ao repouso, precisamos procurar um cirurgião vascular, porque temos sinais de alerta para uma investigação maior", conta a médica.
Além disso, existem medicações que também causam o inchaço nos pés e tornozelo, pois aumentam a vasodilatação. "Medicações como anti-hipertensivos podem causar inchaço, principalmente na população mais idosa. Sendo assim, se você usa remédio para a pressão e vive de pernas inchadas fique atento, tanto a hipertensão em si como o seu tratamento se relacionam com o inchaço. Outra condição bastante associada ao inchaço é a gestação, quando temos edema pela dificuldade de passagem de sangue por conta da compressão do útero e pela variação hormonal. A condição apresenta piora importante caso a gestante sofra com a síndrome hipertensiva gestacional", explica a cirurgiã vascular.
Saiba como aliviar o inchaço dos pés e tornozelos
A médica explica ainda que existem medidas gerais para melhorar o inchaço na região dos pés e tornozelos. Ela dá algumas dicas:
- Repouso com elevação dos membros;
- Compressas frias com chá de camomila;
- Alimentação rica em água (frutas, verduras, legumes) para estimular a diurese;
- Beber muito líquido;
- Manter sempre a movimentação e o membro ativo.
"Quando não há suspeita de trombose ou a mesma foi descartada, pode se realizar drenagem linfática", orienta. Durante a consulta médica, pode ser indicado também o uso diário de meias de compressão elástica e medicações para diminuir o acúmulo de líquidos. "Durante um voo longo, momento em que algumas pessoas também sofrem com o problema, é obrigatório a movimentação das pernas a cada hora. Além disso, é importante evitar o uso de bebidas alcoólicas que reconhecidamente causam retenção. Use meias elásticas compressivas e até medicação anticoagulante no caso de alto risco", finaliza a médica.