Inflamação e deficiência proteica explicaria casos graves

Estudo francês publicado na revista 'Science' chegou à conclusão após analisar as células imunológicas de pacientes de covid-19

16 jul 2020 - 05h11
(atualizado às 07h44)

RIO - Os casos mais graves de covid-19 apresentam uma assinatura única, segundo estudo de cientistas franceses publicado na revista Science. Trata-se da combinação de uma inflamação exacerbada com uma deficiência proteica específica na resposta imunológica. Para os pesquisadores, essa marca registrada abre um caminho promissor para tratamentos eficazes.

Paciente chega no Hospital de Campanha no Estádio do Pacaembu em São Paulo (SP)
Paciente chega no Hospital de Campanha no Estádio do Pacaembu em São Paulo (SP)
Foto: Ettore Chiereguini / Futura Press

A covid-19 se caracteriza por distintos padrões de progressão da doença, dependendo do paciente. Isso implica diferentes respostas imunológicas à invasão do organismo pelo novo coronavírus. Até agora, estudos sugerem que entre 5% e 10% dos doentes desenvolvem a forma mais agressiva. No entanto, pouco se sabe sobre as respostas imunológicas envolvidas nos casos mais graves.

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Para tentar preencher esta lacuna, um grupo de pesquisadores franceses coordenados por Jerome Hadjadj, da Universidade de Paris, analisou as células do sistema imunológico dos pacientes que apresentavam as formas medianas e mais graves da doença.

Nos casos mais graves, os cientistas constataram uma assinatura dupla bem distinta, envolvendo uma inflamação muito exacerbada e a deficiência na resposta imunológica do interferon do tipo 1 - uma proteína que ajuda a combater as infecções virais.

O trabalho sugere que uma produção maior de interferon poderia ser benéfica no combate à doença. E reforça a ideia de que a localização, o tempo e a exposição a essas proteínas específicas podem ser parâmetros importantes a serem observados no tratamento da infecção pelo Sars-CoV-2.

Tratamento

Segundo os cientistas, a partir dessa constatação, os casos mais graves de covid-19 poderiam ser tratados com uma abordagem terapêutica combinada de administração de interferon e terapias antiinflamatórias. Para os autores do estudo, novos trabalhos deveriam ser feitos nesse sentido.

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