Com um diagnóstico de câncer de mama em estágio terminal, Helen Skelton, 56, de Brighton, no Reino Unido, luta pelo direito à morte assistida A inglesa tem alergia à morfina, medicamento utilizado para redução de dores, e teme o sofrimento provocado pela doença que, além de prolongar sua dor, impactaria profundamente sua família. “Não se trata de suicídio, mas de dignidade”, iniciou Helen ao The Mirror.
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“Não apoio isto de uma forma arrogante, no entanto, acredito absolutamente que deve haver escolha para as pessoas no final da sua vida [...] Sou alérgica à morfina. Portanto, sei que o alívio da dor será limitado para mim no final. E acho importante que eu tenha esse direito. Para mim, é uma coisa muito diferente do suicídio assistido. Não é que eu ' vou querer morrer. Vou saber que estou morrendo e quero ter algum arbítrio sobre minha morte", acrescentou.
Para ela, uma legislação que permita o direito à morte assistida aliviaria o trauma dos entes queridos e garantiria a dignidade dos pacientes. Atualmente, a prática da eutanásia e do suicídio assistido e eutanásia são ilegais no Reino Unido.
A eutanásia, definida como o ato de induzir a morte por um terceiro, já o suicídio assistido, ocorre quando o próprio paciente administra pessoalmente uma dose letal, com assistência médica.
Mesmo com essas restrições, o Parlamento britânico está prestes a debater um novo projeto de lei, em 29 de novembro, que prevê o direito de morte assistida para adultos com doenças terminais e com menos de seis meses de vida.
Helen, que recentemente perdeu uma amiga para o câncer, reforça a importância de ter a opção de morrer em casa, cercada pela família. Sua amiga Paola Marra, impossibilitada pela legislação britânica, viajou sozinha para a Suíça, onde a morte assistida é legalizada.
Na Suíça, várias organizações, como a clínica Dignitas, oferecem serviços de morte assistida para estrangeiros, e o país é um destino frequente para pacientes terminais. Recentemente, o escritor brasileiro Antonio Cicero, com Alzheimer, recorreu a esse procedimento, optando pelo fim de sua vida em uma clínica suíça, em 23 de outubro de 2024.
No mundo, poucos países permitem a prática. Na América Latina, Colômbia e Canadá legalizaram tanto o suicídio assistido quanto a eutanásia para pacientes terminais, enquanto nos Estados Unidos, a decisão varia por estado.
Na Europa, Bélgica, Holanda e Luxemburgo são exemplos de países onde ambas as práticas são permitidas, geralmente sob a condição de que o paciente esteja sofrendo de forma insuportável e sem possibilidade de recuperação.
Já no Brasil, tanto o suicídio assistido quanto a eutanásia são considerados crimes, e a pena pode variar de um a seis anos de prisão, dependendo das circunstâncias. Entretanto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) permite a ortotanásia, quando o médico interrompe o tratamento de um paciente terminal com o consentimento deste, o que permite ao paciente uma morte natural sem intervenções adicionais.
Onde buscar ajuda
Para aqueles que enfrentam crises relacionadas ao desejo de morrer, ou conhecem alguém nessa situação, é essencial buscar apoio. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento gratuito pelo telefone 188, além de conversas por chat e e-mail. Para quem perdeu um ente querido, a Associação Brasileira dos Sobreviventes Enlutados por Suicídio (Abrases) oferece suporte e grupos de apoio.