Um acidente doméstico levou a inglesa Louise Fawcett, 58, a passar por seis cirurgias e correr sério risco de perder a vida. A mulher machucou o tornozelo com a ponta de telhas presentes no jardim de casa, e contraiu fasciíte necrosante, uma infecção causada por uma bactéria "comedora de carne".
O que é fasciíte necrosante
A maior parte dos casos de fasciíte necrosante são consequência da infecção pela bactéria Streptococcus pyogenes. Ela ganhou o nome de "comedora de carne" porque destrói os tecidos debaixo da pele, explica Ivan França, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
"A infecção tem esse nome devido à necrose (morte das células) da fáscia muscular (capa que recobre os músculos), que ocorre quando não tratada adequadamente", afirma.
A bactéria pode causar quadros mais leves, como faringites, amigdalites, otites e pneumonias. No entanto, em alguns casos, dependendo do status imunológico do paciente e da maior produção de toxinas pela bactéria, a infecção pode se tornar grave, e evoluir para sepse e choque séptico.
Conforme Ivan, esse quadro leva à necessidade de internação em UTI, uso de medicações para manter a pressão arterial e outras complicações, como insuficiência renal e insuficiência respiratória, podendo até mesmo resultar em óbito.
O infectologista alerta que qualquer pessoa pode ser acometida pela Streptococcus pyogenes, especialmente se tiver feridas ou traumas na pele que permitam a entrada da bactéria. Apesar disso, os casos de fasciíte necrosante são raros (menos de 15 mil por ano), e a doença atinge especialmente pessoas com o sistema imunológico debilitado.
Sintomas e tratamento
Os sintomas, conforme o médico, incluem dor intensa e desproporcional ao ferimento, febre alta, vermelhidão e inchaço na área afetada, além de sinais de necrose. Já o tratamento depende do rápido diagnóstico, cuidados em UTI, administração de antibióticos endovenosos e, muitas vezes, cirurgias para retirar os tecidos necróticos do organismo.
"É importante que qualquer ferida ou trauma na pele seja devidamente tratado e acompanhado, principalmente se houver sinais de infecção. A prevenção e o cuidado rápido são essenciais para evitar a evolução para quadros mais graves", destaca Ivan França.
Caso de Louise Fawcett
A inglesa Louise Fawcett chegou a ouvir dos médicos que tinha apenas 20% de chance de sobreviver à bactéria "comedora de carne". Ela passou três dias na UTI e fez 6 cirurgias para se livrar da infecção. Além disso, precisou de uma cirurgia plástica porque os médicos penetraram profundamente em seu tornozelo.
A equipe médica realizou um enxerto de pele e, atualmente, Louise está em casa, de repouso. No entanto, ela anda apenas com muletas e faz fisioterapia toda semana.