Intestino é o segundo cérebro? Entenda a relação dele com a mente

Psicanalista explica como o intestino pode impactar em nosso bem-estar psíquico e saúde mental. Saiba como melhorar a saúde do órgão

10 out 2022 - 08h07
Por que muitas das nossas emoções surgem no intestino?
Por que muitas das nossas emoções surgem no intestino?
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

A ansiedade, raiva, nervosismo, ira e tristeza podem ter origem no intestino, órgão classificado pelos especialistas como segundo o cérebro do corpo. Já faz algum tempo que a ciência estuda a conexão do cérebro com nosso aparelho digestivo e qual a relação deste órgão com o bem estar psíquico do ser humano.

Você certamente já ouviu a expressão "enfezado". A sua origem explica essa relação entre cérebro e intestino, já que ter preocupação excessiva diminui a circulação do QI do pulmão para o intestino. Isto, por sua vez, retém as fezes e altera nosso humor, gerando ainda mais raiva. Essa é apenas uma das conexões existentes entre o sistema digestivo e o equilíbrio emocional. 

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De acordo com a psicanalista Dra. Andréa Ladislau, as sensações emocionais se refletem diretamente no sistema biológico. Por isso, o corpo só funciona 100% se o intestino estiver em perfeitas condições. "Quando este órgão está com seu funcionamento em desequilíbrio ou inflamado, são percebidos diversos transtornos emocionais, como desajuste de humor e até mesmo o tão famoso déficit de atenção. E em casos mais graves, são detectados sintomas intensos de depressão", revela.

O que acontece no intestino?

A profissional esclarece ainda que o intestino humano abriga, de forma natural, microbitas, micróbios que exercem influência no cérebro, modulando emoções e comportamentos. A explicação para a interferência está relacionada às substâncias químicas que estes liberam. "Eles possuem a capacidade de atravessar a barreira de defesa do cérebro, modificando o funcionamento das células nervosas. Isso faz com que o sistema emocional entre em desequilíbrio", explica.

No entanto, essa ação química não é a única responsável por essas alterações psíquicas. Já se sabe que, os micróbios intestinais conseguem modificar a atividade dos nervos do sistema gastrointestinal. É assim que eles levam as informações até o cérebro. "As consequências são possíveis ataques de fúria, tristeza profunda, alterações de humor, apatia, desânimo, dores de cabeça e depressão", destaca a psicanalista.

É possível reduzir esses impactos?

Algumas terapias foram desenvolvidas para mudar essa biota, através de probióticos que reduzem os sintomas de depressão e provocam alteração emocional. "Os probióticos são as bactérias do bem que atuam diretamente no sistema nervoso central e são responsáveis pela produção de neurotransmissores, como serotonina e dopamina", esclarece Andréa.

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A serotonina e dopamina, por sua vez, são hormônios benéficos que atuam nas emoções, no comportamento e na imunidade, proporcionando ao indivíduo uma rotina mais saudável. Além disso, eles também contribuem para a regulação intestinal e, assim, evitam o surgimento de transtornos mentais.

A especialista esclarece que os probióticos não atuam sozinhos, por isso é importante associá-los a uma mudança alimentar e à terapia, que pode promover o autoconhecimento e um melhor gerenciamento das emoções, o que é fundamental para o sucesso do tratamento.

Cuidados essenciais

Mais que um órgão de digestão, absorção e transporte de nutrientes, o intestino é considerado um órgão pensante. "São cerca de 500 milhões de células nervosas responsáveis pela regulação de várias funções em nosso organismo", comenta Andréa.

"A importante relação entre o cérebro e o intestino, só reforça a necessidade de se manter hábitos de vida saudáveis, terapia e uma alimentação diversificada e equilibrada, como forma de manter o bom funcionamento do nosso organismo, bem como prevenir diversas doenças. Cuidar das emoções e ter ferramentas para o gerenciamento da ansiedade e do estresse é fundamental para a melhora do intestino e promoção do equilíbrio emocional", afirma.

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