O jejum intermitente é adotado por quem busca perder peso de forma rápida e eficaz. Contudo, um estudo recente publicado na revista científica Cell mostrou que, embora essa prática possa promover o emagrecimento, ela também está associada a uma resposta de estresse que pode resultar em queda de cabelo.
A pesquisa indica que nem todos os tecidos e células do corpo se beneficiam da dieta, que alterna períodos prolongados de jejum (entre 16 e 24 horas) com janelas de alimentação sem restrições. O principal objetivo dessa estratégia é estimular o organismo a utilizar reservas de gordura como fonte primária de energia, acelerando o metabolismo e promovendo a perda de peso.
Impactos em células capilares
No estudo, camundongos foram submetidos a dois tipos de jejum intermitente: restrição alimentar com tempo limitado e jejum em dias alternados, no qual os animais passaram 24 horas sem comer, seguidas por 24 horas de alimentação normal. Após três meses, os animais que seguiram as dietas não regeneraram tantos pelos quanto os camundongos do grupo controle, que consumiram um número semelhante de calorias, mas sem restrições de tempo.
Os pesquisadores associaram esse fenômeno à morte de células-tronco dos folículos capilares. Foi identificado que o jejum intermitente ativa uma comunicação entre as glândulas suprarrenais, responsáveis por produzir hormônios do estresse, e células de gordura na pele. Esse processo faz com que as células de gordura liberem ácidos graxos, interferindo no metabolismo das células-tronco dos folículos capilares. Em casos mais graves, esse dano levou à morte celular.
Estudo em humanos
Para investigar se os efeitos observados nos camundongos se aplicam aos humanos, 49 participantes foram designados aleatoriamente a um regime de jejum intermitente ou a uma alimentação sem restrição de tempo. Ao final do estudo, o crescimento capilar dos indivíduos que realizaram jejum foi 18% mais lento em comparação ao grupo controle.
Testes moleculares nos participantes sugerem que o mecanismo responsável pela queda de cabelo em humanos é semelhante ao identificado nos camundongos.
Perspectivas futuras
Os autores do estudo destacam que as descobertas podem abrir caminhos para pesquisas adicionais sobre os efeitos do jejum intermitente em outras células do corpo, como as do cérebro. Apesar de seus benefícios para o emagrecimento e outros aspectos da saúde, os impactos adversos do jejum precisam ser melhor compreendidos, especialmente em longo prazo.
A pesquisa reforça a necessidade de buscar orientação médica antes de adotar regimes alimentares restritivos, considerando que os resultados podem variar de acordo com as características individuais de cada pessoa.