O cantor João Carreiro morreu nesta quarta-feira (03), aos 41 anos, após complicações durante uma cirurgia para adicionar uma válvula no coração. O violeiro realizava a cirurgia em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, quando não suportou a operação e faleceu.
Carreiro, da ex-dupla João Carreiro e Capataz, possuía uma condição cardíaca chamada de “prolapso da válvula mitral (PVM)", que causava alterações na estrutura de uma das válvulas mais importantes do coração, prejudicando o bombeamento de sangue no órgão.
O objetivo da cirurgia era trocar essa válvula. Ela situa-se na abertura entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo. Com o prolapso, é possível que haja refluxo de sangue, levando-o de volta ao átrio. De acordo com especialistas, cerca de 3% da população mundial possui essa condição, que provoca problemas apenas se a regurgitação tornar-se grave.
O que é o Prolapso da Válvula Mitral
João Carreiro realizou shows pouco antes de se afastar, inclusive durante o fim de ano, na cidade de Sete Quedas (MS). A cantora Ana Castela saudou o colega relembrando o momento: “Obrigada”, escreveu a artista em uma homenagem no Instagram.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardíaca, os sintomas do prolapso da válvula mitral são:
- Dor torácica;
- Pulso rápido;
- Consciência dos batimentos cardíacos;
- Enxaquecas;
- Fadiga;
- Tontura.
O diagnóstico da condição pode ser realizado por estetoscópio, pois o coração faz um som especifico quando apresenta a doença. Ela deve ser confirmada através do exame de ecocardiografia.
A maior parte das pessoas com prolapso sequer precisam de tratamento. Se o coração continuar batendo muito rápido, pode ser recomendado o uso de betabloqueadores para bloquear a frequência cardíaca e diminuir as palpitações.
Os riscos da cirurgia de válvula do coração
Antes de entrar na cirurgia, João Carreiro gravou um vídeo tranquilizando os fãs. "Se eu 'empacotar', não quero saber dessa roupinha aqui. Não combina muito comigo isso aqui. É de florzinha", disse ele, referindo-se ao avental que estava usando.
Em casos que exigem o reparo da válvula do coração, o cirurgião pode escolher entre dois tipos de procedimento: a plastia (é como uma plástica que repara os tecidos e as estruturas da região) ou a implantação da prótese, que pode ser biológica ou mecânica. A prótese funciona justamente para regularizar o fluxo sanguíneo, permitindo que o coração volte a trabalhar normalmente.
Ainda não há informações sobre o tipo de prótese que seria implantada em João Carreiro. A escolha entre plastia ou troca da válvula é, geralmente, determinada pela doença de base que levou o paciente a necessitar do tratamento.
Risco da doença é maior que o da cirurgia
Segundo o médico cardiologista Anthony Medina, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia - Bahia, o risco de cirurgias cardíacas em geral depende de uma série de fatores, como a idade do paciente, existência de outras doenças (pulmonares, renais, neurológicas) etc. "O risco de permanecer com a doença costuma ser maior do que o risco cirúrgico, principalmente em pacientes mais jovens, sem outras doenças", explica o profissional ao Terra.
O Jornal Brasileiro de Cirurgia Cardiovascular informa que a cirurgia de implante valvar representa aproximadamente 20% de todas cirurgias cardíacas. Devido os fatores de risco encontrados na população que necessita da operação, há uma taxa alta de mortalidade durante o procedimento, que chega a cerca de 30%.
O cardiologista Anthony Medina alerta que, ainda que a cirurgia tenha altas taxas de sucesso e seja feita com tecnologia de ponta, ela "continua sendo um procedimento de grande porte, com risco de complicações como hemorragias, arritmias, infecções no pós operatório, entre outras situações que podem influenciar para um resultado negativo".
Talvez, sabendo dos riscos, a mulher de João Carreiro, Francine Caroline, pediu oração dos fãs para a cirurgia do marido. Agora o corpo do cantor segue para Cuiabá, cidade natal do músico, onde acontecerá o velório e enterro do violeiro.