Cinco anos depois de passar por uma operação na coluna, a jovem Paola Quartieri, de 25 anos, teve de voltar para o centro cirúrgico. Dessa vez, para retirar os pinos de metal que tinham sido postos ali em 2018 e se soltaram dentro de seu corpo. O caminho até a segunda operação, porém, foi longo, doloroso e fez até com que ela deixasse de ver os primeiros passos do seu filho, o pequeno Théo, de 1 ano e 3 meses.
“Eu estava internada, então eu perdi os primeiros passos dele. Para mim, foi bem difícil. E aí, ver ele andando foi com certeza uma emoção e ver ele correndo para mim foi uma cena que vai marcar minha vida inteira”, afirma Paola, em entrevista ao Terra.
O desconforto com os pinos na coluna começou depois do nascimento do filho. Paola lembra de ter tido uma gravidez muito tranquila, mas, após dar à luz, com os movimentos intensos da maternidade, passou a sentir dores nas costas. O incômodo se intensificou este ano e, em abril, ela procurou ajuda médica.
“Um dia, eu coloquei a mão na minha coluna e tinha dois calombos. Foi aí que eu percebi que tinha alguma coisa de errado. Fiz ressonância, fiz tomografia e descobri que tinha soltado a haste da coluna no final”, relembra. Ao descobrir o problema, Paola foi atrás do médico que a havia operado lá em 2018.
A representante comercial juntou dinheiro e marcou uma consulta particular com ele, pois era o único em quem confiava. A consulta com o profissional foi em abril, mas a cirurgia, tida como de urgência, só aconteceu na segunda-feira, dia 2 de outubro.
Naquela primeira consulta, Paola recebeu do médico uma carta escrita de próprio punho em que ele ressaltava a urgência do caso e pedia que ela fosse transferida para a Santa Casa de Santos, no litoral de São Paulo, onde ele trabalha, para a realização da cirurgia. Mas a jovem conta ter tido o seu caso negligenciado nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) pelas quais passou.
“Até que no dia 7 de setembro, eu fui pegar meu filho e deu um mau jeito na minha coluna. Ali, tive que chamar o SAMU [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], porque eu não conseguia andar, não conseguia me mexer e só assim que eu fui internada na Santa Casa”, diz.
Demora na cirurgia
Internada na Santa Casa, Paola ainda precisou esperar mais de três semanas para a realização da cirurgia. Nesse período, viu o filho apenas duas vezes, ambas em dias em que acreditava ser a véspera da operação.
“Marcaram duas vezes e desmarcaram, diziam que não tinha dado porque estava em falta do material”, diz Paola. Ela explica que a Santa Casa estaria processando uma empresa que deveria fornecer o material para a cirurgia, mas até lá o procedimento estava impedido de ocorrer.
O Terra buscou contato com a Santa Casa de Santos, mas não obteve retorno até o momento desta publicação.
Por fim, ainda segundo a jovem, a operação só ocorreu depois da veiculação de sua história na mídia. A Santa Casa teria decidido arcar com os custos do material necessário para o procedimento.
Paola foi submetida à operação na segunda e, no dia seguinte, já recebeu alta. A cirurgia foi um sucesso, a placa de metal e os pinos foram completamente removidos da coluna.
“Estou caminhando desde segunda já. Eu saí da cirurgia, eu fui para o quarto já estava andando, já estava fazendo tudo, foi tudo muito tranquilo, eu até estranhei. Eu falei, ‘nossa, realmente eu precisava dessa cirurgia’, porque antes eu travava minha coluna, não conseguia andar, tinha dias que eu ficava chorando de dor, e a cirurgia foi, nossa, perfeita para mim”, comemora Paola.