O primeiro caso da variante Kraken (XBB.1.5) no Brasil foi registrado em Indaiatuba, no interior de São Paulo, no último dia 5. No dia anterior, a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia feito um alerta sobre o aumento de casos da Kraken na Europa e nos Estados Unidos. A organização afirmou que a subvariante derivada da Ômicron é a versão mais transmissível da covid-19 que se tem conhecimento até o momento.
A paciente identificada em Indaiatuba é uma mulher de 54 anos, e sua amostra fazia parte de uma sequência de 1.332 amostras positivas de coronavírus da variante Ômicron. Não há informações sobre seu estado de saúde.
Novas variantes ainda podem surgir
Conforme o Dr. Bernardo de Almeida, mestre em doenças infecciosas pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e Diretor Médico da Hilab, o surgimento de novas variantes é algo comum dentro da dinâmica evolutiva de um vírus como o SARS-CoV-2. "É algo parecido com o que ocorre com o Influenza, por exemplo, que necessita de reforços e atualização das cepas vacinais de acordo com o tipo de vírus que está circulando naquele momento", explica.
De acordo com o infectologista, com o tempo mais variantes como a Kraken podem surgir, e elas tendem a ser cada vez mais transmissíveis. "A medida em que se aumenta a imunidade coletiva, há grande vantagem para uma nova variante que consiga driblar essa imunidade. Essa nova variante passa a ter mais facilidade de transmissão e ser dominante na comunidade, até que surja uma outra com vantagem nesse novo contexto imunológico", aponta.
A consequência disso é uma diminuição da proteção vacinal, que explicam as ondas de contaminação que ocorrem de tempos em tempos. "A boa notícia é que a proteção contra casos graves e óbitos é mais resiliente. Não há indícios de aumento substancial de internamentos e óbitos, apesar do aumento de casos que estamos enfrentando", destaca o especialista.
Prevenção
Devemos nos proteger da contaminação pela Kraken da mesma forma que fazemos para as outras variantes, orienta o médico infectologista. "As vacinas mantêm ótima proteção contra formas graves e óbitos, apesar de perderem eficácia para prevenir a infecção leve. A vacinação é a base da proteção atualmente. Todos os que não estão em dia deveriam buscar a atualização com o esquema inicial ou reforços", afirma o Dr. Bernardo.
Além disso, a realização de teste é fundamental para o diagnóstico precoce e isolamento, evitando que um indivíduo com a doença transmita o vírus. "Outras formas de proteção incluem evitar ambientes fechados, pouco ventilados e com muitas pessoas, uso de máscaras eficientes e diminuir o número de interações. Essas medidas, atualmente, possuem maior custo-efetividade para indivíduos de maior vulnerabilidade como idosos, pessoas com comorbidades ou não vacinados", aponta.