Libéria fecha fronteiras para conter avanço do Ebola no oeste da África

28 jul 2014 - 16h32

A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, anunciou o fechamento da maior parte das fronteiras terrestres do país afetado pela epidemia de Ebola, depois que o letal vírus tropical se espalhou para duas das maiores cidades do oeste da África.

A Libéria, juntamente com as vizinhas Guiné e Serra Leoa, luta para conter uma epidemia que já infectou 1.200 pessoas e deixou pelo menos 670 mortos na região desde o início do ano.

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Na semana passada, autoridades de Freetown, capital de Serra Leoa, e de Lagos, na Nigéria, anunciaram seus primeiros casos, marcando uma alarmante nova frente na luta contra uma doença confinada, sobretudo, a vilarejos remotos e postos fronteiriços rurais.

"Todas as fronteiras da Libéria serão fechadas com exceção dos grandes pontos de entrada", anunciou Sirleaf em um comunicado publicado na noite de domingo.

O aeroporto internacional de Monróvia, um aeroporto regional e três grandes postos de travessia escaparam das interdições.

"Nestes pontos de entrada, centros de prevenção e de testagem serão montados", afirmou.

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A Libéria já contabilizou 129 mortes provocadas pelo Ebola, que causa febre alta e dores musculares, vômito, diarreia e, no pior dos casos, falência de órgãos e hemorragia incontrolável.

"Uma nova política de viagens, adotada pela Autoridade Aeroportuária da Libéria, cobrindo a inspeção e a testagem de todos os passageiros que chegam e saem do país, será estritamente observada", explicou Sirleaf no comunicado.

O governo também proibiu reuniões públicas de todo tipo, inclusive eventos e manifestações, e anunciou quarentenas em comunidades atingidas pelo Ebola.

Acredita-se que o vírus, detectado pela primeira vez em 1976, tenha sido introduzido por animais caçados por sua carne, especialmente morcegos. Ele se dissemina entre os seres humanos através dos fluidos corporais e matou 56% das pessoas infectadas na epidemia atual.

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Uma aprendiz de cabeleireira de 32 anos, o primeiro caso confirmado de Ebola em Freetown, morreu no sábado, depois que os pais dela a levaram contra a vontade ao hospital, informou o Ministério da Saúde.

A casa de Saudatu Koroma, no leste de Freetown, foi posta em quarentena com outros moradores por 21 dias, mas os serra-leoneses de toda a cidade mencionaram o temor de que o vírus já possa ter se espalhado.

"As pessoas agora tomam extremo cuidado ao participar de festas e de outras atividades sociais, embora os funerais ainda sejam amplamente frequentados", disse à AFP o assistente social Ronald Cole.

Nas ruas, as pessoas deixaram de se cumprimentar com apertos de mão, relatou um correspondente da AFP em Freetown, e agora preferem saudar uns aos outros com os cotovelos.

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"Nós deveríamos nos inclinar como fazem os chineses", disse o ativista de direitos civis Ronnie Charles.

Grupos sociais cancelaram eventos públicos para celebrar o fim do mês sagrado do Ramadã, enquanto os restaurantes passaram a adotar baldes com água sanitária para que os fregueses lavem as mãos antes de se sentar.

Os mortos também estão sendo manuseados com cuidado.

"Estamos temerosos com o Ebola. Distribuímos montes de luvas aos nossos funcionários como proteção para manipular os cadáveres", afirmou o proprietário de uma funerária do centro da cidade.

Mensagens regulares dos serviços de saúde são transmitidas por rádio e TV, instruindo as pessoas a se protegerem da infecção.

Enquanto isso, o Ministério da Saúde de Serra Leoa, que contabilizou 244 mortos por Ebola, anunciou ter montado um "centro de operações de emergência" na capital, coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

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O primeiro caso de Ebola em Freetown foi registrado depois que se confirmou que o vírus tinha chegado a Lagos - capital financeira da Nigéria, um centro de transporte regional e internacional e base de muitas multinacionais com escritórios nesta que é a maior economia da África.

Um liberiano de 40 anos morreu em uma clínica particular em decorrência da doença, após desmaiar no aeroporto internacional de Lagos, reportou na sexta-feira o Ministério da Saúde nigeriano.

Com uma taxa de mortalidade histórica de 67% antes do surto atual e sem vacinas, os pacientes suspeitos de infecção pelo vírus Ebola precisam ser isolados para evitar contágios futuros, segundo a OMS.

A agência sanitária da ONU solicitou às pessoas com os primeiros sintomas do vírus que procurem os centros de saúde imediatamente.

"Precisamos parar a mensagem de que não existe tratamento. Quanto antes os pacientes procurarem tratamento em centros de saúde seguros, mais propensos serão a se recuperar e evitar a contaminação de familiares", disse o porta-voz da organização, Tarik Jasarevic.

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"A estratégia da OMS é atacar a epidemia e sua fonte, procurar pessoas doentes nos vilarejos e cuidar delas em unidades de isolamento", acrescentou.

Jasarevic disse que o "enterro seguro" dos corpos é uma parte importante da resposta à epidemia, acrescentando que familiares estavam tocando os corpos durante as cerimônias fúnebres e se infectando dessa forma.

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