O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 79 anos, fez uma cirurgia de emergência no começo da semana para a drenagem de um hematoma na região do cérebro. Já nesta quinta-feira, 12, o chefe do Executivo passou por um procedimento complementar para evitar possíveis novos sangramentos no local no futuro.
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Lula segue internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, sob acompanhamento da equipe médica, e a previsão é de que, se o quadro evoluir bem, ele já receba alta no início da próxima semana e possa retornar para Brasília.
A seguir, o Terra explica o que aconteceu com o presidente nos últimos dias e traz detalhes sobre tudo o que se sabe sobre o estado de saúde de Lula. Entenda!
Cirurgia de emergência
O presidente foi operado às pressas na madrugada de terça-feira, 10, após sentir fortes dores de cabeça e exames detectarem um sangramento na região do cérebro.
Ele foi submetido a um procedimento cirúrgico de emergência para drenagem de um hematoma localizado na região frontoparietal, do lado esquerdo da cabeça. A lesão tinha 3 centímetros e foi retirada.
Logo após a cirurgia, a equipe médica informou que o presidente teve uma boa evolução, encontrava-se estável, conversando normalmente, se alimentando e que vai ficar em observação nos próximos dias.
Trepanação
O primeiro procedimento ao qual Lula foi submetido é chamado de trepanação.
"É uma pequena perfuração no crânio, onde é introduzido o dreno. É um procedimento relativamente padrão em neurocirurgia, não é uma abertura, não é uma perfuração do crânio importante. Geralmente, a cicatrização é espontânea, sem necessidade de intervenção para fechar", explicou o Dr. Mauro Suzuki, que integra a equipe médica.
Como era o hematoma
O Dr. Suzuki explicou que o sangramento estava situado entre o cérebro e a membrana meninge, chamada dura-máter. Por isso, o hematoma estava comprimindo o cérebro e foi totalmente removido. O cérebro foi descomprimido, e as "funções neurológicas do presidente estão preservadas".
O hematoma fica entre duas folhas na meninge, complementou o Dr. Rogério Tuma. O hematoma absorve líquido e expande, estirando vasos sanguíneos, que estão ligando uma parte da meninge à outra.
"Esses vasos se estiram e podem se romper. Aí fazem um sangramento. É uma luta entre a cicatrização e esse inchaço. Às vezes, a cicatrização ganha, o hematoma absorve e não tem mais nada. E, às vezes, isso vai acontecendo, sangra um pouco, melhora, sangra um pouco mais. Quando tem um sangramento mais abrupto, ele expande muito rápido e o cérebro não se adapta, aí aparecem os sintomas, foi o que aconteceu."
Quadro gripal
A equipe médica explicou que Lula também teria apresentado um quadro gripal quando começou a ter os sintomas de sangramento na região do cérebro na segunda-feira.
Segundo a médica Ana Helena Germoglio, os exames apontaram para um quadro viral, uma vez que o presidente teve até febre, mas não foi possível identificar qual o vírus. Agora, no entanto, não há mais sinal de doença viral.
"Nem todos [os vírus] a gente consegue identificar de forma pronta, mas os exames já se normalizaram. Não há mais sinal sugestivo de doença viral, mas pode ter sido uma concomitância de fatores que podem ter precipitado esse quadro inflamatório que chegou na hemorragia", afirmou a especialista.
Relação com a queda no Alvorada
Segundo a equipe médica, a hemorragia intracraniana é decorrente do acidente doméstico sofrido por Lula no dia 19 de outubro, quando ele caiu no banheiro do Palácio do Alvorada e precisou levar pontos na cabeça.
Os profissionais explicaram que, após o acidente doméstico, o presidente estava liberado para realizar suas atividades normalmente, mas continuava em observação e realizando exames para monitorar o surgimento de complicações tardias, como essa hemorragia intracraniana.
Sem sequelas
Após a cirurgia, os médicos acreditam ser "muito pouco provável" o surgimento de um novo hematoma, porque ele foi drenado completamente. "O que aconteceu dois meses depois da queda [de Lula no Alvorada] pode acontecer, mas é uma coisa mais rara", disse Dr. Roberto Kalil Filho.
O médico também garantiu que o risco de outras complicações não existe. "Ele não teve nenhuma lesão cerebral. Não tem comprometimento cerebral. Então o risco de lesão é zero."
Novo procedimento
Na manhã desta quinta-feira, 12, o chefe do Executivo passou por um procedimento endovascular para complementar a cirurgia realizada no início da semana. Segundo o boletim médico, a intervenção faz "parte da programação terapêutica".
Essa segunda intervenção já estava prevista e é uma precaução para evitar possíveis novos sangramentos no cérebro no futuro.
O procedimento a que Lula foi submetido hoje é chamado de embolização de artéria meníngea média. Por meio de um cateter que chega até a região da cabeça, é injetada uma substância para interromper o fluxo sanguíneo nessa artéria. De acordo com os médicos, o procedimento não foi feito em centro cirúrgico, mas sim em uma sala de cateterismo. A intervenção é de "baixo risco" e "relativamente simples".
Depois do novo procedimento, a equipe médica afirmou que Lula está bem, com quadro "superestável", e garantiu que o procedimento complementar foi um sucesso.
Conforme os médicos, as chances são quase nulas de Lula ter um novo sangramento. Nesta quinta, o presidente apresenta menos de 5% de possibilidade do hematoma se refazer.
"Há uma probabilidade agora de se refazer bem menor. O outro lado [o direito] ele tinha um hematoma que tinha sido absorvido já, e aparentemente, todas as folhas da meninge estão cicatrizadas, e a chance de se refazer é praticamente nula", explicou médico Rogério Tuma. Ainda segundo o especialista, com o passar dos dias, o risco diminui ainda mais.
Dreno, UTI e previsão de alta
Desde que fez a primeira cirurgia, Lula está com um dreno na cabeça e em observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
De acordo com os médicos, o dreno deve ser retirado ainda no fim da tarde de hoje. A expectativa é de que ele receba alta da monitorização contínua, portanto da UTI, na sexta-feira, 13.
Os médicos disseram que o novo procedimento não interfere na previsão de alta hospitalar do presidente, que segue "sereno" e seguindo ordens médicas e de tratamento. A expectativa, caso o quadro evolua bem, é que Lula receba alta na segunda-feira ou terça-feira que vem e possa retornar para Brasília.
Após receber alta, o presidente deve ficar sob acompanhamento médico por mais algum tempo, como é de costume em qualquer cirurgia.
"Obviamente, depois no Palácio, ele poderá seguir uma agenda de despacho, a gente não vê problema algum em relação a isso. O que se espera é que no início da semana o presidente esteja no Alvorada. Claro que vai se requerer um repouso relativo por algumas semanas, talvez. Ele vai retomando aos poucos a sua atividade normal", esclareceu o Dr. Kalil.
Lula também deverá ter alguns outros cuidados: Kalil disse que o presidente faz atividades físicas regularmente, e isso será postergado por algum tempo.
Visita só de familiares
O presidente está acompanhado no hospital da primeira-dama Janja Lula da Silva. Após a cirurgia, por meio das redes sociais, ela agradeceu as "orações, afeto e boas energias" que enviaram para Lula e afirmou que "já já, ele estará de volta".
"Depois da cirurgia muito bem-sucedida, a angústia dessa noite deu espaço para a tranquilidade e para a certeza de que, com a dedicação da equipe médica e com a fé e o amor do povo, em breve ele estará novamente de volta ao trabalho. Por isso, fiquem tranquilos", escreveu Janja.
Lula seguirá recebendo visitas somente de familiares, por ordens médicas.