A Madonna já revelou que, desde jovem, "foge" da exposição solar com a intenção de evitar o envelhecimento da pele e mantê-la saudável. Inclusive, quando frequenta praias, a cantora, de 65 anos, costuma cobrir quase todo o corpo com roupas e usar acessórios como bonés e chapéus.
No ano de 2023, após enfrentar uma grave infecção bacteriana e ficar em coma induzido por quatro dias, os médicos recomendaram que ela tomasse sol, o que teve que fazer, mesmo com muita dificuldade.
"Eu odeio o sol, mas fiz isso mesmo assim, e foi muito difícil para mim andar da minha casa até o quintal e sentar ao sol", relatou a cantora, durante um show realizado em março deste ano.
Segundo especialistas, o hábito adotado por Madonna pode colocar em risco a saúde do organismo. A seguir, saiba mais sobre as consequências.
Tomar sol é fundamental para o nosso corpo
A exposição solar moderada é fonte de vitamina D, que ajuda na absorção de cálcio e fósforo e é indispensável para cuidar dos ossos.
"Quando os raios solares atingem a pele, uma parte específica da luz ativa uma molécula chamada dehidrocolesterol, transformando-a na pré-vitamina D3 e, posteriormente, na vitamina D3. Ou seja, é muito importante que a gente pegue sol para que o nosso organismo sintetize a vitamina D", explica a Dra. Nancy Vanessa, dermatologista.
De acordo com a Dra. Cláudia Marçal, dermatologista e proprietária do Espaço Cariz, em Campinas, São Paulo, o sol também contribui para a regulação hormonal, trazendo benefícios para o ritmo circadiano, que é responsável pelo ciclo sono-vigília, e para a nossa saúde mental, diminuindo as chances de depressão.
"Pegar sol ajuda a produzir mais melatonina durante o sono, fazendo com que consigamos dormir melhor e, consequentemente, tenhamos mais disposição ao longo do dia. Além disso, é comum, no verão, quando há uma alta incidência de raios solares, notarmos que as pessoas ficam com um humor mais estável e alegres, o que pode acontecer porque a estimulação da luz do sol favorece a liberação de endorfinas e serotoninas", destaca Marçal.
Estudos recentes têm apontado que a exposição solar controlada e com a devida proteção pode ter efeitos positivos em pessoas diagnosticadas com doença de Alzheimer e esclerose múltipla. "No entanto, ainda é cedo para fazermos essas conclusões. Estamos ainda no início dessas pesquisas científicas", alerta a Dra. Cláudia.
A Dra. Deborah Beranger, endocrinologista, ainda destaca que a luz solar ajuda na saúde ocular e diminui o risco cardiovascular.
Consequências da falta de exposição solar
A principal consequência da falta de exposição solar é a deficiência de vitamina D, o que pode desencadear fraqueza muscular, dor óssea, alterações cognitivas, queda da imunidade, dificuldade na cicatrização de feridas, fadiga e mudanças no humor.
"Também pode ocorrer a osteoporose precoce, o aumento das chances de deformidades e fraturas nos ossos e o aumento do risco de câncer colorretal", alerta a endocrinologista.
"Além da maior incidência de doenças ósseas, não tomar sol ainda está associado à noites mal dormidas", completa o Dr. Lucas Miranda, dermatologista e fundador da Clínica Lucas Miranda, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Cuidados ao se expor ao sol
Na hora de se expor ao sol, é necessário ter algumas precauções, sendo que as mais importantes são: evitar os horários de pico de radiação (entre 10 e 16 horas), usar chapéu, guarda sol e óculos escuros, aplicar e reaplicar a cada duas horas o protetor solar.
"No período das 10h às 16h, existe a combinação da radiação ultravioleta B, de raios mais curtos, com a radiação ultravioleta A, de raios mais longos, o que acaba favorecendo queimaduras e causando um maior risco de cancerização", fala Marçal.
O FPS do filtro solar nunca deve ser menor do que 30. "Para quem tem fototipos mais claros, o ideal mesmo são os protetores acima de 50", orienta a endocrinologista.
Para adultos saudáveis e de pele branca, a orientação geral é tomar sol por 15 minutos ao dia ou, pelo menos, 3 vezes por semana. Para pacientes com peles mais escuras, o tempo necessário pode ser maior, variando de 30 minutos a 1 hora por dia, dependendo do tom de pele específico.
"Em quais regiões? Nas que normalmente não são expostas e que não apresentam esse aumento de incidência de câncer de pele, ou seja, nas pernas, no abdômen e nos braços. Nessas partes do corpo citadas, não precisa passar protetor para fazer o banho de sol, no entanto, ele é necessário no rosto, no pescoço e no colo", conclui a Dra. Nancy Vanessa.