"Mãe ansiosa". cita prontuário do menino morto 'devorado' por bactérias

Miguel Brandão, de 13 anos, morreu com corpo necrosado 26 dias após dar entrada no Hospital Brasília

24 jan 2025 - 11h51
Miguel, 13 anos, morreu com corpo necrosado 26 dias após dar entrada no Hospital Brasília
Miguel, 13 anos, morreu com corpo necrosado 26 dias após dar entrada no Hospital Brasília
Foto: Reprodução

A morte de Miguel Fernandes Brandão, um menino de 13 anos, que apresentou necrose em várias partes do corpo, em razão de infecção bacteriana, levanta questionamentos sobre o atendimento médico prestado. O prontuário do paciente, que deu entrada na unidade com sintomas gripais em outubro de 2024, define, em ao menos duas ocasiões, Genilva Fernandes, como "mãe ansiosa". Enquanto isso, a família denuncia negligência médica e a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso.

Miguel chegou ao Hospital Brasília, no Lago Sul, no dia 14 de outubro de 2024, apresentando febre, dificuldade para respirar, irritação na pele, dores no corpo e moleza. Após um exame com resultado negativo para Influenza, o menino chegou a ser liberado, mas retornou no dia seguinte com a persistência dos sintomas e episódios de vômito.

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O prontuário médico revela que, na madrugada de 16 de outubro, após o diagnóstico inicial de infecção viral e a internação do paciente, uma nova avaliação foi realizada devido à "ansiedade materna", segundo informações da coluna "Grande Angular", do Metrópoles. 

A médica responsável pelo atendimento registrou que o menino não necessitava de antibióticos, explicando repetidamente o quadro como viral, com base na evolução dos sintomas e exames. Um trecho do documento diz: "Explico várias vezes o quadro, que minha HD [hipótese diagnóstica] é quadro viral devido evolução e exames, que não necessita de ATB (antibiótico), que a diarreia faz parte do quadro".

No dia seguinte, outro relatório médico descreve Miguel "acompanhado dos pais", com a "mãe ansiosa". O documento detalha que o menino havia se alimentado, vomitou durante a madrugada e continuava com tosse e diarreia. "Refere dor no peito, explico que é devido [à] tosse. Mãe faz praticamente as mesmas perguntas de ontem, com as mesmas queixas. Preocupada com a febre, explico novamente o quadro e a conduta, que é medida de suporte", consta no prontuário.

A mãe de Miguel contesta a conduta médica e alega negligência, afirmando à PCDF que a profissional responsável pelo atendimento não solicitou exames que poderiam ter diagnosticado a presença da bactéria Streptococcus Pyogenes, responsável pela grave infecção que levou à necrose e à morte do filho. Ela também denuncia a demora da administração do Hospital Brasília em fornecer o prontuário e outras informações sobre o atendimento de Miguel.

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Em depoimento à polícia, Genilva relatou ter sido informada por um infectologista de que, se Miguel tivesse sido levado à UTI "um pouco antes", o tratamento teria tido maiores chances de sucesso, considerando a gravidade do quadro. A 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) está investigando o caso.

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