"É uma dor de uma mãe, mas uma felicidade de receber a vacina", disse Francisleine Costa, a primeira pessoa a receber a vacina contra dengue. Ela é mãe de Júlio César Arthur da Costa Escobar, que faleceu aos 14 anos vítima de dengue grave em fevereiro de 2023. A campanha de imunização começou em Dourados (MS) nesta quarta-feira (3).
"Não doeu nada. Estou contente! Meu filho deixou um legado, Dourados é a primeira cidade do Brasil a receber a vacina", contou Francisleine ao G1. O menino jogava futebol do Ubiratan Esporte Clube e completaria 15 anos dois dias após a morte. Ele havia sido selecionado para um período de testes no Fluminense.
A mãe disse que "ele queria ser famoso" e que "deixou uma presença depois dessa vacina de forma marcante". "Dourados sempre vai lembrar dele, agora vamos nos sentir mais protegidos".
Francisleine pediu ainda que "todos cuidem dos quintais, não deixem água parada e que, quando possível, busquem pela vacina". "Não deixem de tomar vacina, protejam seus filhos. A vacina é o único meio de proteção. Agora sigo aliviada, meu coração está feliz".
A vacina contra dengue, Qdenga
O Ministério da Saúde incorporou a vacina da dengue Qdenga ao Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro do ano passado. A ministra Nísia Trindade anunciou a medida.
O registro da Qdenga (TAK-003), do laboratório japonês Takeda Pharma, havia sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023. Segundo o órgão, a vacina poderá ser aplicada em quem já teve a doença. Dessa forma, não há diferença entre quem teve ou não a dengue, desde que esteja dentro da faixa etária estipulada (de 4 a 60 anos).
O imunizante será aplicado em um esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. Ele é composto por quatro sorotipos diferentes do vírus causador da doença.
Há, no Brasil, outra vacina contra dengue disponível. A Dengvaxia é fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. Porém, o imunizante é recomendado apenas para quem já foi infectado com o vírus da dengue. Essa vacina protege contra uma possível segunda infecção que, no caso da dengue, pode se manifestar de forma mais violenta e levar a óbito.
A ministra afirmou ainda que, inicialmente, a vacinação não será em larga escala. O SUS oferecerá 6,2 milhões de doses ao longo de 2024. Como o imunizante é aplicado em um esquema de duas doses, por volta de 3,1 milhões de pessoas poderão ser vacinadas: "As doses oferecidas pelo fabricante são poucas para o tamanho da população. Teremos que priorizar áreas e grupos mais vulneráveis. Essa é a orientação da Conitec, que avalia fatores como o acesso e a relação custo-benefício. Por uma restrição da capacidade de produção do fabricante, só será possível oferecer 6,2 mi de doses em 2024, para 3,1 mi de pessoas."
Incorporamos a vacina da dengue ao #SUS . O Brasil será o primeiro país com sistema universal como o nosso a dar acesso público a ela. Entretanto, as doses oferecidas pelo fabricante são poucas para o tamanho da população. Teremos que priorizar áreas e grupos mais vulneráveis. (+)
— Nísia Trindade Lima (@nisia_trindade) December 21, 2023
"Até o início do ano, faremos a definição dos públicos-alvo levando em consideração a limitação da empresa Takeda do número de vacinas disponíveis. Faremos priorizações", disse. "A vacinação deve começar em fevereiro. Temos dois grandes laboratórios, o Butantan e o FioCruz, com capacidade de produção para chegarmos à escala de que nosso país e população precisam A previsão de entrega é de 5 mi de doses em 2024, entre fevereiro e novembro. Existe a possibilidade de até 1,2 mi de doses adicionais, chegando a 6,2 mi. Vamos seguir avançando para que a vacina contra a dengue seja cada vez mais uma vacina do #SUS".
* Texto sob supervisão de Cleber Stevani