Mais da metade da população mundial está sob o risco de ser infectada por doenças causadas por picadas de mosquito até o fim do século. A incidência das doenças está relacionada ao aquecimento global, que deixa o ambiente propício para a propagação dos insetos durante um período de tempo maior.
As previsões fazem parte de uma nova revisão científica que será apresentada no Congresso Global ESCMID (Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas). O evento acontece em Barcelona, na Espanha, entre os dias 27 e 30 de abril.
Um artigo publicado na revista científica Medical Xpress pela ESCMID diz que os surtos de doenças transmitidas por mosquitos devem se espalhar por partes atualmente não afetadas do norte da Europa, Ásia, América do Norte e Austrália ao longo das próximas décadas, estimulados pela urbanização e o aquecimento global.
Os autores alertam ainda que o número de casos de dengue notificados à OMS aumentou de 500.000 no ano 2000 para mais de 5 milhões em 2019.
Além das temperaturas extremas, enchentes e fenômenos como o El Niño, que tem ocorrido com mais intensidade, também preocupam os cientistas, uma vez que proporcionam ambientes mais favoráveis para a reprodução de mosquitos, como o Aedes Aegypti, transmissor da dengue.
Os cientistas se preocupam ainda com as emissões dos gases causadores do efeito estufa e reafirmam a necessidade de limitar o aumento médio da temperatura global à ambiciosa meta de 1°C até 2100. Ainda assim, a comunidade científica já projeta altas nos números de infectados por malária e dengue.
De acordo com os pesquisadores, o principal desafio é antecipar surtos e agir preventivamente para evitar as doenças. Para isso, é necessário cruzar dados sobre a vigilância de insetos transmissores e de previsões climáticas, para ajudar a identificar a prever a possibilidade das doenças.