Ganho de massa muscular, a diminuição de celulite, aumento da disposição e da libido são alguns benefícios do uso de implantes de hormônios androgênicos, por exemplo, a gestrinona. Popularmente chamado de “chip da beleza”, ele passou a ser muito usado por mulheres em razão de seus benefícios, mas recentemente teve seu uso proibido para fins estéticos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em abril.
A cirurgiã plástica Renata Magalhães, especializada em cirurgia plástica geral e íntima, acredita que, apesar da proibição, possivelmente ele continuará sendo utilizado.
“Não trabalho com hormônios, não prescrevo, não tenho conflitos de interesse com a questão. Porém, como eu sou cirurgiã plástica, recebo em meu consultório muitas mulheres que usam terapias hormonais. Quando questiono os motivos e os efeitos, a maioria diz que o uso dos hormônios melhorou muito a vida delas. Por isso, acredito que elas não abrirão mão deles e, mesmo que os médicos não prescrevam, outros profissionais o farão”, diz.
A proibição do chip da beleza
As motivações para o CFM fazer a proibição do chip da beleza envolvem o seu uso indiscriminado, a falta de esclarecimentos sobre seus efeitos colaterais, a propaganda antiética, a falta de protocolos consistentes comprovando doses de segurança, segundo a resolução publicada pelo CFM.
“Eu acredito que exista a necessidade de uma discussão mais ampla sobre o tema, com diretrizes para que os médicos possam trabalhar de forma a fazer o melhor para os seus pacientes. Com a população já acostumada aos benefícios, a simples proibição somente irá fomentar o mercado negro. Pessoas que poderiam se beneficiar destes tratamentos, desde que feitos a devida segurança e informações ao paciente, deixarão de ser atendidas pelos profissionais éticos e qualificados e certamente irão procurar quem prescreva de forma irregular”, diz a médica.
Efeitos colaterais
Renata Magalhães descreve sua própria experiência em consultório para explicar o quanto as pacientes sofrem. É que um efeito colateral do uso de hormônios anabolizantes é a hipertrofia do clitóris, ou seja, ele pode aumentar de tamanho.
“Cresceu muito o número de pacientes com esta queixa que querem se submeter a procedimento cirúrgico”, diz a médica que é especializada em cirurgia íntima, a clitoroplastia.
Ela observa que o aumento do clitóris, mais que um problema estético, pode se tornar um problema emocional.
“Em razão do constrangimento anatômico, a mulher acaba se inibindo em seus momentos de intimidade. Além disso, o aumento do órgão pode acarretar até mesmo em dor pelo atrito com a roupa”, explica.
Além disso, a pele pode ficar mais grossa, com acnes, podendo ter aumento de pêlos, alteração da fertilidade e queda do cabelo. O CFM enumera outros efeitos adversos como possíveis alterações cardiovasculares, doenças hepáticas, transtornos mentais e de comportamento, além de distúrbios endócrinos.
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