Durante uma cirurgia para tratar endometriose, uma mulher de 34 anos teve o coração operado sem autorização por um ginecologista em São Paulo. Após o procedimento, feito sem a presença de um especialista na área, ela recebeu o diagnóstico de pericardite -- e, agora precisa se monitorar para não ultrapassar cem batimentos cartíacos por minuto com risco de passar mal e até morrer. O caso, reconstituído pela Folha de S.Paulo com depoimentos de familiares, corre em segredo de Justiça.
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Segundo relatos, ela e o marido decidiram engravidar em 2022 e descobriram a presença de endometriose, que provocou infertilidade na mulher. Por isso, então, marcaram uma cirurgia para remover focos de endometriose para seguirem com o plano de engravidar naturalmente. A cirurgia foi marcada para outubro de 2023.
O que estava previsto é que a região do útero, ovário, trompas e cólon seriam alvo do procedimento. Mas, de acordo com a denúncia, o ginecologista também ampliou a cirurgia para tratar uma endometriose que teria atingido o diafragma e o pericário, uma membrana que envolve o coração. O procedimento durou mais do que o dobro do planejado e foi feito sem a presença de um cirurgião especializado em cardiologia, alegam familiares.
A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso em abril. Segundo o documento, também obtido pelo jornal, a paciente desenvolveu uma “enfermidade incurável”, que a faz depender do uso contínuo de medicamentos. Por conta da situação, ela também não pode se exercitar, nem engravidar, entre outras restrições.
Além da Polícia Civil, o caso também é investigado pela Comissão de Ética do Hospital Israelita Albert Einstein e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Ao veículo, o hospital diz que “segue em contato com a paciente e sua família, oferecendo todo o acolhimento necessário" e que a conduta médica está sendo apurada. Já o Cremesp abriu uma sindicância para averiguar a denúncia.
O ginecologista denunciado é Ricardo Mendes Alves Pereira. Como o caso corre em segredo de Justiça, sua defesa não se pronunciou. A mulher não quis falar publicamente sobre a denúncia.