A necessidade de leite humano ultrapassa todos os limites étnicos, regionais e sociais do Brasil. De norte a sul do país, milhares de bebês prematuros e/ou de baixo peso internados em Unidades Neonatais, que não podem ser amamentados pelas próprias mães, se beneficiam da doação de leite humano. A oferta de leite humano a esse bebês contribui para seu desenvolvimento adequado e recuperação mais rápida, reduzindo o tempo de internação, e por sua vez diminuindo os gastos do sistema de saúde.
O leite humano é essencial para uma criança recém-nascida e é o único alimento necessário até os 6 meses de vida. Após essa idade, continua sendo um alimento importante para a criança e a recomendação é que a amamentação seja mantida até os dois anos de idade ou mais, complementada com outros alimentos adequados e saudáveis.
É um alimento completo, além de fornecer fatores de proteção imunológica, tendo um papel fundamental para a saúde, o crescimento e o desenvolvimento dos bebês. Crianças amamentadas têm menos chances de desenvolver diversas doenças, como alergias, infecções, e no futuro, obesidade e diabetes. Ampliar o volume de leite humano coletado e distribuído, a fim de suprir toda a demanda dos bebês internados em unidades neonatais no país, tem um impacto não apenas na vida de cada bebê e família, mas também para o sistema de saúde como um todo. Quanto mais rápido um bebê se recuperar, menores serão os gastos.
Entretanto, milhares de mães não conseguem suprir a demanda dos próprios filhos por diferentes e inúmeros motivos, como: bebês que nascem com a língua presa e têm dificuldade em pegar no bico do seio, causando lesões na mãe; candidíase mamária; depressão pós-parto; mães portadoras de HIV; herpes; uso de medicamentos controlados; produção insuficiente de leite ou até fatores emocionais e psicológicos.
Fonte de vida para todos
Sabia que a amamentação não é uma fonte de vida somente para os bebês? Pois é, as mulheres que amamentam têm menos chances de desenvolverem câncer de mama e de ovário.
Inclusive, a doação aumenta a chance de produzir ainda mais leite, pois quanto mais a mulher amamentar ou extrair o leite, maior será a produção . Além disso, o constante esvaziamento das mamas evita o ingurgitamento mamário (“leite empedrado”), desconforto e dor para a mulher.
Porém, por conta da pandemia, houve uma redução em 17% a doação de leite humano devido às incertezas em relação à contaminação iminente pelo coronavírus dentro de um hospital ou em casos em que as lactantes acreditam que poderia estar transmitindo a Covid-19 para os recém-nascidos. Em todo o caso, há uma grande responsabilidade por parte das doadoras e dos hospitais, que investigam o histórico recente da mãe antes da doação.
Como doar leite humano?
A doação de leite materno pode ser uma ação prazerosa e simples. Para garantir a segurança e a qualidade do leite humano oferecido aos bebês nas unidades neonatais, é preciso seguir algumas recomendações. Para doar, a mulher deve estar saudável. Em casos suspeitos ou confirmados de Covid-19, por exemplo, a doação deve ser interrompida até que a mulher esteja recuperada. O caso é o mesmo se estiver tomando algum medicamento, consumido drogas ou bebidas alcoólicas antes da doação ou após episódios de vômito ou diarreia.É importante também ter os últimos exames realizados no pré-natal.
A unidade responsável pela coleta do leite, Bancos ou Postos de Coleta de Leite Humano, irá fornecer frascos esterilizados, seja a doação feita em casa ou no próprio Banco de Leite. A mãe doadora também pode usar frascos de vidro de boca larga com tampa de plástico rosqueável, aqueles que muitas vezes são descartados por não ter utilidade, como o de café solúvel. Basta tirar o rótulo, fazer uma primeira lavagem e levar o frasco coberto por água numa panela ao fogo. Após 15 minutos de fervura, retire e escorra sobre um pano limpo, com a abertura voltada para baixo.
No momento da extração do leite, é importante manter os cabelos presos, utilizar máscara de proteção e higienizar bem as mãos e antebraço. Realizar massagem nos seios facilita a extração do leite.
O frasco usado para armazenar o leite deve estar identificado com o nome da doadora e a data da primeira coleta. É importante não encher o frasco até a tampa, deixando um espaço vazio de dois dedos até a boca do frasco. O leite extraído que será doado ao Banco de Leite Humano pode ficar armazenado no congelador por até 10 dias.
Para obter apoio e orientações sobre a doação de leite materno, a mulher pode procurar a Unidade Básica de Saúde ou Banco de Leite Humano mais próximo. Em alguns locais, a coleta é realizada no próprio domicílio da doadora.
Todo o leite coletado passa por um rigoroso controle de qualidade antes de ser oferecido aos bebês. São avaliados componentes como quantidade de gordura, teor de acidez, e também possíveis contaminações prévias. Após a pasteurização, é feito um controle de qualidade final para garantir a qualidade do leite humano distribuído.
Isso porque o ato de doar corresponde ao que a pessoa consegue disponibilizar e qualquer quantidade é aceitável. Por exemplo, um pote de leite materno pode alimentar até 10 recém-nascidos.
Essa ação segue a legislação que regulamenta o funcionamento de bancos de leite humano no Brasil, (RDC Nº 171).
Brasil é referência em doação de leite humano
O Brasil é referência internacional em Bancos de Leite Humano desde 2005. Embora existam países, como Estados Unidos, que permitem a venda do leite humano, no Brasil todo o processo é feito de maneira altruísta. Além disso, o país ainda exporta as técnicas realizadas por aqui aos países da América Latina, Caribe, África do Sul e outros.
Os Bancos de Leite Humano (BLH) são iniciativas públicas, vinculadas a hospitais infantis e maternidades, sendo que existem no Brasil 225 unidades espalhadas por todas as regiões, além de 219 postos de coleta de leite humano. Assim, o país conta com a maior rede de bancos de leite humano do mundo.
Para saber onde estão localizados os Bancos de Leite Humano e Postos de coleta, é possível acessar o site https://rblh.fiocruz.br/pagina-inicial-rede-blh da Fiocruz.
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