Não é novidade que o mundo da moda impõe uma série de desafios e uma intensa pressão sobre os modelos de todo o mundo. No entanto, isso tem sido questionado nos últimos anos. Camila Travaglini, modelo internacional, é um exemplo disto: ela compartilhou sua história de luta contra a anorexia e convulsões decorrentes de uma dieta restritiva.
"Era muito difícil se manter no padrão. Eu cansei de fazer dietas malucas, ficar sem comer e depois lidar com transtornos alimentares", conta a modelo brasileira, que já desfilou para a DIOR.
Anorexia
A anorexia é um transtorno alimentar que se caracteriza pela busca incessante pelo emagrecimento. Além disso, por uma imagem corporal distorcida, medo extremo da obesidade e a restrição do consumo de alimentos. Esses aspectos resultam em um peso corporal significativamente baixo. Sem tratamento, aproximadamente 10% das pessoas com anorexia grave morrem. Quando os sintomas são leves, porém, as complicações graves são raras.
Relação com a anorexia
A dieta de Camila na verdade não tinha uma base. Desde jovem, comprava inibidores de apetite no mercado paralelo e os tomava associados a dietas extremamente restritivas, como ficar apenas comendo frutas ou bebendo suco, por exemplo.
"Na nossa época, éramos inclusive instruídas por pessoas próximas a nós no trabalho a tomar detergente antes de comer ou engolir algodão. Eu era viciada em tomar laxantes e tinha que comer o mínimo possível por dia. A rotina me acarretou a longo prazo a desenvolver hipoglicemia e ter crises convulsivas", lamenta.
Atualmente, Camila mantém uma alimentação equilibrada e aprendeu a se alimentar sem restrições. Ela recebe cuidados médicos do cirurgião geral Dr. Gabriel Almeida, além de contar com o suporte nutricional da equipe do Núcleo GA. Além disso, a modelo também pratica exercícios físicos cinco vezes por semana, como aulas de boxe e musculação, que ela define como terapia.
O perigo das dietas restritivas
O Dr. Gabriel explica que, além da anorexia, uma dieta restritiva pode causar outros perigos à saúde. Isso porque, devido à falta de carboidratos e proteínas, esse tipo de alimentação pode sobrecarregar os rins e desregular o metabolismo.
Mas não só isso: a restrição alimentar também pode levar à cetoacidose, uma deficiência de insulina no organismo, como ocorreu com Camila. A condição se caracteriza por sintomas como:
- Hiperglicemia (elevação da glicose no sangue);
- Vômitos;
- Dificuldades respiratórias
- Aumento do colesterol, o que pode provocar doenças cardiovasculares e cálculo biliar;
- Redução na concentração de hormônios da tireoide, diminuindo o gasto de energia em repouso;
- Diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial;
- Diminuição dos níveis de potássio, crucial para a função cardíaca e para a construção de músculos;
- Intolerância ao frio;
- Queda de cabelo;
- Fadiga;
- Dificuldades de concentração;
- Nervosismo;
- Constipação ou diarreia;
- Pele seca;
- Unhas fracas;
- Flacidez;
Ainda vale destacar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que um adulto saudável de 28 anos consuma cerca de 2 mil calorias por dia. Além disso, uma alimentação saudável deve conter micro e macronutrientes.