Francisca Maria Silva, de 33 anos, morreu na madrugada desta terça-feira, 7, no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba, no Piauí. A mulher é a quarta pessoa a morrer após consumir um baião de dois envenenado.
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Além de Francisca, seus filhos Igno Davi Silva, de 1 ano e 8 meses, e Maria Lauane Fontenele, de 3 anos, e seu irmão Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, também faleceram em razão do envenenamento. Uma menina de 4 anos segue internada em estado grave.
O caso ocorreu no dia 1º de janeiro, onde nove pessoas de uma mesma família comeram um baião de dois envenenado no almoço pós-virada do ano. O alimento estava contaminado com "terbufós", um veneno agrícola altamente tóxico e usado como inseticida e nematicida (pragas de plantas).
Entenda cronologia do caso
Maria dos Aflitos, de 52 anos, morava com o marido Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos. Na residência, também residiam outros três filhos do casal e três netos: Manoel Leandro da Silva, uma adolescente de 17 anos, Francisca Maria e seus filhos Igno Davi, Maria Lauane e a menina de 4 anos.
De acordo com a TV Clube, afiliada à Rede Globo no Piauí, a família preparou uma ceia na noite do dia 31 de dezembro para celebrar a chegada do novo ano. Os pratos eram carne, feijão tropeiro e baião de dois. Nenhum membro da família se sentiu mal após ingerir a ceia.
No dia 1º de janeiro, a família se reuniu para comer o que havia sobrado da refeição. No entanto, pela manhã, eles também ganharam peixes como parte de uma ação social promovida por um casal na região. Assim, a família fritou os peixes para acompanhar o que havia sobrado do réveillon.
O delegado Abimael Silva, responsável pelo caso, afirmou que os membros da família só começaram a passar mal na tarde do dia 1º. Estavam na casa também Maria Jocilene, de 32 anos, e seu filho, de 11 anos. A mulher é ex-nora de Maria dos Aflitos, mas não residia no local.
Maria dos Aflitos foi a única que não ingeriu os alimentos, pois estava dormindo no momento da refeição. Manoel Leandro e Igno Davi faleceram no dia 1º, horas depois de terem sido atendidos. Entre os dias 2 e 4 de janeiro, Maria Jocilene, seu filho de 11 anos, Francisco de Assis e a adolescente de 17 anos receberam alta.
No dia 5 de janeiro, o laudo pericial do Instituto de Medicina Legal (IML) revelou que o veneno estava no baião de dois. A partir daí, a Polícia Civil passou a investigar o caso como homicídio. Inicialmente, a suspeita era de que os peixes haviam sido envenenados, mas a perícia apontou que não.
Antônio Nunes, diretor do IML, informou que o veneno foi colocado em "abundância" em todo o baião de dois. Em 6 de janeiro, Maria Lauane faleceu, se tornando a 3ª vítima. Ela era filha de Francisca Maria da Silva, que faleceu nesta terça-feira, 7.
Outro apontamento apurado pela TV Clube é que Francisca era mãe de João Miguel e Ulisses Gabriel, dois meninos que morreram envenenados em 2023, após comerem cajus contaminados com a mesma substância do baião de dois.
O IML identificou a presença de "terbufós", um veneno agrícola altamento tóxico usado como inseticida e nematicida. A substância ataca o sistema nervoso central, e seus efeitos podem deixar sequelas neurológicas ou levar a morte.
A Polícia Civil investiga o crime como homicídio, pois há possibilidade de que alguém tenha colocado a substância de maneira proposital no alimento. Entre as hipóteses estão que o crime possa ter sido cometido por alguém de dentro da casa, ou por alguém que invadiu a casa na madrugada de Ano-Novo.