Nesta última segunda-feira (08), uma tragédia abalou a cidade de Ribeirão do Pinhal, no Paraná. Maria Julia Adriano, uma menina de apenas 8 anos de idade, foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. Mesmo após ser internada no Hospital Universitário de Londrina, Maria Julia não conseguiu superar a gravidade da hemorragia.
Durante o período de internação, a tia da vítima, Adriana Silva, compartilhou no Facebook um apelo emocionado: “Vamos unir nossas orações pela Maria Júlia, minha sobrinha de 8 anos. Ela sofreu um AVC e encontra-se em estado grave na UTI do HU em Londrina, sendo filha da Ju do lanche e do Leandro." A comunidade local expressou solidariedade diante da perda.
Ao Terra, o neurocirurgião Victor Hugo Espíndola explica que casos de AVC em crianças são muito raros e os fatores de riscos são diferentes dos apresentados por adultos. Normalmente, crianças têm AVC em decorrência a alguma doença de base.
“A criança pode ter nascido com alguma má formação venosa, ou com alguma doença no sangue que predispõe a formar coágulos e ter AVC isquêmico, ou alguma doença no sangue predispondo à hemorragia e ter um AVC hemorrágico”, detalha o especialista.
Atenção aos sintomas
Quanto aos sintomas que precedem o AVC em crianças, esses sim são similares aos notados em adultos: comprometimento da fala, dos movimentos, sorriso torto, desequilíbrio e dores de cabeça. O médico alerta para que os responsáveis estejam atentos ao serem informados ou identificar sintomas.
“É difícil reconhecer porque as crianças muitas vezes não falam. Elas não conseguem se referir bem [aos sintomas] e às vezes podemos achar que elas estão brincando, então é um pouco mais difícil reconhecer esses sintomas em crianças, o que faz com que muitas vezes a gente perca a janela de tratamento”, diz o neurocirurgião.
Em termos de medidas preventivas, bons hábitos de vida são recomendados. O médico ressalta que embora haja tendência à obesidade e sedentarismo em crianças, é muito difícil que o AVC ocorra nessa faixa etária por conta disso. “Normalmente, são doenças de base. Então, é básico verificar se a criança não tem nenhuma doença cardíaca, hematológica ou reumatológica”, indica.
Com relação ao tratamento, o neurocirurgião explica que existem dois procedimentos disponíveis atualmente. Um deles é a trombólise venosa, feita na veia para dissolver trombos, mas que não pode ser realizada em crianças, pois todos os estudos são para pacientes acima de dezoito anos.
No entanto, a trombectomia mecânica, um cateterismo para tratar AVCs, pode ser feita em crianças. “Embora seja um desafio, devido à maioria dos materiais terem sido desenvolvidos para adultos, é possível improvisar e encontrar maneiras de tratar as crianças”, afirma o especialista.