Dois óbitos ganharam repercussão nos últimos dias por se tratarem de pessoas jovens que passaram mal após intensa atividade física.
O primeiro foi Bruno da Silva Teixeira, de 26 anos. Ele sofreu uma parada cardíaca durante uma maratona de rua, em São Paulo, no último dia 5. O evento, organizado pelo coach Pablo Marçal e inicialmente previsto para ser uma mínima maratona de 21 km, teve a distância dobrada para 42 km sem que os participantes tivessem tempo de se preparar.
O segundo caso ocorreu no dia 19. Na ocasião, a jovem Milena de Medeiros Silva, 23, faleceu enquanto fazia uma série de exercícios em uma academia de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.
De acordo com o portal "Metro World News", o boletim de ocorrência diz que ela sofreu uma convulsão e não resistiu - acionados, os socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) identificaram que a moça sofreu uma parada cardiorrespiratória. Mais tarde, os laudos iniciais sugeriram infarto agudo miocárdio e/ ou tromboembolismo pulmonar.
Essa é uma possibilidade quando o excesso de exercício sobrecarrega o coração, afirma o angiologista Álvaro Pereira. "Fazem um esforço além do que o coração é capaz de tolerar e aí ele pode ter um infarto agudo. Ou pessoas que já tinham alguma lesão e aí fazem um esforço acima do que o coração recebe de sangue. O coração acaba parando por falta de nutrientes, de oxigenação", esclarece o médico, doutor em cirurgia vascular, em entrevista ao Terra.
O angiologista afirma que as causas para a morte súbita podem ser diversas, como um acidente vascular cerebral, mas geralmente se trata de problemas cardíacos. Isso ocorre quando o coração para de funcionar repentinamente por "erros da condução elétrica" ou por oclusão de uma das artérias coronárias, que nutrem o coração.
Nesses casos, o problema pode atingir pessoas repentinamente ou após sintomas pouco marcantes, que não chamavam atenção do indivíduo para procurar ajuda.
Qual a relação entre Covid-19 e morte súbita?
Pereira concorda que os casos de morte súbita cresceram desde a pandemia de Covid-19, mas isso não é aleatório. O médico explica que o coronavírus, bem como outras infecções respiratórias, lesionam a camada de vasos mais interna das artérias, o endotélio, e podem provocar uma oclusão naquele vaso.
"Teve muito caso de trombose, não só de coronária, mas de artérias que são incomuns - artérias do braço, artérias intra-ósseas, necrose de cabeça do fêmur, necrose de cabeça do úmero, necroses mal explicadas de pessoas novas porque tiveram Covid-19", lembra o angiologista.
Como evitar morte súbita?
Muitas vezes, o óbito de pessoas jovens e aparentemente saudáveis está relacionado a doenças não diagnosticadas previamente. Portanto, uma recomendação é fazer check-ups periódicos para avaliar as condições de saúde. Além disso, atividades intensas, ainda que esportivas, só devem ser feitas com preparo físico e acompanhamento profissional.