Mortes por coronavírus dobram e cidades se fecham no Mato Grosso do Sul

Conforme o plano do governo estadual de retomada das atividades, seis municípios, entre eles a capital Campo Grande, ganharam bandeira preta, a mais crítica da pandemia, com recomendação de lockdown

17 jul 2020 - 15h50

SOROCABA - Desde o início de julho, o número de mortes pelo novo coronavírus mais do que dobrou no estado de Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste do País. Os óbitos subiram de 85, no dia 1º, para 203 nesta sexta-feira, 17, doze mortes foram confirmadas só nas últimas 24 horas. Também desde o dia 1º, os casos positivos passaram de 8.676 para 15.805.

Conforme o Prosseguir, plano do governo estadual de retomada das atividades, seis municípios, entre eles a capital Campo Grande, ganharam bandeira preta, a mais crítica da pandemia, com recomendação de lockdown. Nenhuma das 79 cidades tem bandeira verde, de menor incidência do vírus.

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Até o início de julho, Mato Grosso do Sul estava entre os estados brasileiros com menor incidência da covid-19. Nas últimas semanas, como já aconteceu em outros estados do Centro-Oeste, os casos dispararam, acompanhando o relaxamento da quarentena.

Desde a quarta-feira, 15, Campo Grande tem toque de recolher a partir das 20 horas, mas o comércio, inclusive os shoppings, está funcionando das 9 às 17 horas, com capacidade reduzida a 30%. Aos fins de semana, apenas serviços essenciais e delivery atendem, mas ainda assim há aglomerações. A capital tem 4.497 casos e 45 mortes.

Campo Grande decretou toque de recolher, mas os casos de coronavírus não param de aumentar.
Campo Grande decretou toque de recolher, mas os casos de coronavírus não param de aumentar.
Foto: PM de Campo Grande/Divulgação / Estadão

O prefeito Marcos Trad (PSD) disse que a classificação com a bandeira preta pelo Prosseguir não vai alterar a situação atual. "A meu ver, as medidas que tomamos já são bem restritivas. Com o toque de recolher das 8 da noite às 5 da manhã, são quase 12 horas de fechamento. Temos perspectiva de ampliação de leitos", disse.

Na quarta, a prefeitura abriu chamamento público para contratar novos leitos para a covid-19. A capital possui 150 leitos de UTI em hospitais públicos e privados e a ocupação chegou a 90% nesta sexta-feira - no Estado, o índice é de 76%.

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No interior, a curva das mortes teve subida ainda mais acentuada. Em Dourados, o mês começou com 22 mortes e agora são 46 em 3.640 casos. Mesmo assim, a cidade ganhou bandeira laranja, menos restritiva.

Em Aquidauana, região do Pantanal, o coronavírus voltou a matar nesta sexta-feira. A vítima é um indígena de 40 anos, morador da aldeia Buritizinho. O corpo foi levado do Hospital Regional da cidade direto para o cemitério, conforme o protocolo, sem tempo para cumprir os rituais da tradição indígena. A aldeia tem outros três índios infectados pelo vírus.

Na cidade, uma das 59 que receberam bandeira vermelha do Prosseguir - situação de risco elevado -, os casos saltaram de 6 para 22 em uma semana, alta de 350%. A cidade entrou em lei seca, nesta sexta, proibindo o consumo de bebidas alcoólicas em bares, restaurantes e locais públicos em qualquer hora do dia e da noite.

O comércio geral fecha às 16 horas e os supermercados às 18 horas. Academias e igrejas voltaram a ser fechadas. A prefeitura decretou toque de recolher a partir das 22 horas e pediu ajuda à Polícia Militar para a fiscalização.

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Em Ponta Porã, no sul do Estado, a prefeitura montou barreira sanitária no acesso à cidade pela BR-463. Quase mil veículos chegam diariamente e são inspecionados e desinfetados. A cidade fica na fronteira com o Paraguai, separada da paraguaia Pedro Juan Caballero por uma avenida - a Linha Internacional.

Com poucos casos da doença no país, autoridades paraguaias instalaram barreiras de arame farpado, fizeram barricadas ou abriram valas entre as cidades fronteiriças para evitar a entrada de pessoas procedentes do Brasil, onde o vírus se alastrou mais.

Barreiras inspecionam e desinfetam veículos na chegada a Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.
Foto: Prefeitura de Ponta Porã/Divulgação / Estadão

Na madrugada desta sexta-feira, 17, uma barricada de pneus instalada no lado paraguaio para evitar a passagem de pessoas e veículos, foi incendiada. O fogo foi contido pelos bombeiros. A polícia de Pedro Juan atribuiu a ação a brasileiros - cerca de cinco mil moradores de Ponta Porã estão impedidos de atravessar a fronteira para trabalhar no comércio paraguaio.

Já a prefeitura de Ponta Porã informou que o fogo, provavelmente, foi ateado por moradores da cidade paraguaia que reivindicam a reabertura da fronteira devido ao impacto no comércio local.

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A fronteira está fechada desde os primeiros casos de coronavírus nos dois países, em meados de março. O comércio paraguaio, tradicionalmente movimentado pelos brasileiros, reclama que muitos estabelecimentos já foram obrigados a fechar as portas e protesta pedindo a reabertura.

No início da pandemia, os comerciantes paraguaios entregavam as compras dos brasileiros nas cercas, mas isso também foi proibido. O Paraguai chegou a 3.342 casos de coronavírus e 27 mortes, números menores do que em cidades brasileiras próximas, como Dourados e Campo Grande.

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