BRASÍLIA - Após a suspensão dos testes da vacina contra a covid-19, desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria Universidade de Oxford, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, defendeu na manhã desta quarta-feira, 9, ser preciso "aguardar".
"Vamos aguardar, né? Vacina é isso aí, pô. Toda questão de pesquisa e desenvolvimento de alguma coisa avança e, às vezes, sofre alguns recuos", disse Mourão a jornalistas, na entrada do Palácio do Planalto.
Para o vice-presidente, é preciso uma apuração mais detalhada para saber se os efeitos colaterais constatados em um dos pacientes também pode afetar outros ou se foi um fato isolado. De acordo com informações do jornal The New York Times, o voluntário teve mielite transversa, uma síndrome inflamatória que afeta a medula espinhal e costuma ser desencadeada por infecções virais.
"De acordo com o dado que nós temos aí, que foi informado, uma das pessoas que está como cobaia apresentou uma reação. Então, para tudo, vamos analisar essa reação, analisar se é particular só daquela pessoa por uma característica do organismo dela ou se é algo que pode afetar todos. É isso que a ciência está fazendo", emendou o vice.
Como mostrou o Estadão, o anúncio da suspensão dos testes clínicos da vacina contra o novo coronavírus que está sendo desenvolvida no Reino Unido foi recebido no Palácio do Planalto como "um balde de água fria", nas palavras de um auxiliar do presidente Jair Bolsonaro.
A vacina inglesa era considerada a principal aposta de Bolsonaro e do governo brasileiro para imunizar a população contra o vírus da covid-19. A suspensão dos estudos deixou Bolsonaro e integrantes da equipe bastante preocupados.
Horas antes do anúncio da suspensão dos testes, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a previsão do governo era começar a vacinar a população em janeiro.
"A gente está fazendo os contatos com quem fabrica a vacina e a previsão é de que chegue para a gente em janeiro. Janeiro, a gente começa a vacinar todo mundo", afirmou Pazuello, sem citar que antes é necessário que a vacina tenha sua eficácia comprada, o que ainda não ocorreu.