Mpox não é 'nova covid' e pode ser contida, diz especialista da OMS

Mundo precisa agir agora para garantir que as vacinas cheguem às áreas que mais necessitam, afirma Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa. Um caso da nova variante, a clado Ib, foi confirmado na Suécia na semana passada e está ligado a um surto crescente na África.

20 ago 2024 - 13h15
(atualizado às 14h47)
Ainda há muito a ser aprendido sobre a nova variante da mpox que pode estar se espalhando mais facilmente e causando doenças mais graves, dizem especialistas
Ainda há muito a ser aprendido sobre a nova variante da mpox que pode estar se espalhando mais facilmente e causando doenças mais graves, dizem especialistas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A mpox "não é a nova covid", porque as autoridades sabem claramente como controlar sua disseminação, afirmou o diretor regional da Organização Mundial da Saúde para a Europa, Hans Kluge

Apesar da preocupação real com uma nova variante do vírus e de um alerta global, Kluge disse a jornalistas que um conjunto forte de medidas, o que inclui garantir que as vacinas cheguem às áreas mais necessitadas, pode evitar outro ciclo de pânico e negligência.

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Um caso da nova variante, a clado Ib, foi confirmado na Suécia na semana passada e está ligado a um surto crescente na África.

Mpox é um novo nome adotado pela OMS para a antiga varíola dos macacos (ou monkeypox, em inglês).

A mpox causou a morte de pelo menos 450 pessoas na República Democrática do Congo, o antigo Zaire, nos últimos meses, em casos ligados à variante clado Ib.

Ainda há muito a ser aprendido sobre essa nova variante, dizem os especialistas, mas ela pode estar se espalhando mais facilmente e causando doenças mais graves.

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Uma variante diferente, a clado II, foi responsável pelo surto de 2022 que inicialmente afetou a Europa e continua a circular em muitas partes do mundo.

No entanto, segundo Kluge, os especialistas sabem como controlar a mpox, independentemente da variante, por meio de ações de saúde pública e acesso equitativo às vacinas.

O vírus, que causa febre e erupções cutâneas, pode ser transmitido pelo contato direto com lesões na pele, incluindo durante relações sexuais.

Transmissão rápida

Kluge afirmou que o risco para a população em geral é baixo.

"Vamos entrar em lockdown na região europeia da OMS? Isso é outra covid-19? A resposta é claramente: 'não'", disse ele.

"Dois anos atrás, controlamos a mpox na Europa graças ao engajamento direto com as comunidades mais afetadas de homens que fazem sexo com homens", destacou o Kluge.

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"Em 2022, a mpox nos mostrou que pode se espalhar rapidamente pelo mundo. Podemos e devemos combater a mpox juntos - entre regiões e continentes."

"Vamos optar por implementar os sistemas necessários para controlar e eliminar a mpox globalmente, ou entraremos em outro ciclo de pânico seguido de negligência?"

O Kluge acrescentou que cerca de cem novos casos da variante clado II estão sendo relatados mensalmente na região europeia.

Viajantes para áreas afetadas na África foram aconselhados a considerar a vacinação.

O porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, afirmou que a OMS não está recomendando o uso de máscaras.

"Não estamos recomendando a vacinação em massa. Estamos recomendando o uso de vacinas em situações de surtos para os grupos que estão em maior risco", acrescentou.

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OMS: 'Emergência de interesse global'

Em 14 de agosto, o Comitê de Emergência sobre mpox da OMS anunciou que a doença se tornou uma emergência de saúde pública de interesse global.

A declaração foi feita por causa da rápida propagação da enfermidade por alguns países da África. O anúncio foi feito por Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da organização.

Ele informou por meio de sua conta no X, antigo Twitter, que equipes estão trabalhando nos países afetados e outros em risco, "por meio de nossos escritórios nacionais e regionais", com parceiros, ONGs, sociedade civil e outros órgãos para conter a disseminação da doença.

No Brasil, o Ministério da Saúde convocou uma reunião para discutir a questão.

Em nota, a pasta disse que pretende atualizar as recomendações e o plano de contingência para a mpox no país.

O texto ainda aponta que o governo "acompanha com atenção" a situação da mpox no mundo e monitora informações junto à OMS e outras instituições.

"A avaliação é que o evento apresenta risco baixo neste momento para o Brasil", destacou ao ministério.

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Confira a seguir o que se sabe sobre a doença — e as formas de prevenção, diagnóstico e tratamento.

Mpox: sintomas, transmissão e tratamento

Os sintomas da mpox iniciais incluem febre, dores de cabeça, inchaços, dores nas costas e dores musculares.

Assim que a febre diminui, podem ocorrer erupções na pele. Elas geralmente começam pelo rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, mais comumente nas palmas das mãos e nas solas dos pés.

Esses machucados, que podem causar muita coceira e dor, passam por diferentes estágios antes de finalmente formarem uma crosta, que posteriormente cai.

Essas lesões ainda podem deixar cicatrizes.

A infecção geralmente desaparece sozinha e dura entre 14 e 21 dias.

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Em casos graves, as lesões podem atacar todo o corpo, principalmente a boca, os olhos e os órgãos genitais.

A mpox se espalha por meio do contato próximo com alguém infectado — inclusive por meio de sexo, contato pele a pele e até conversa ou respiração perto de outra pessoa.

O vírus pode entrar no corpo através de um ferimento na pele, do trato respiratório ou de olhos, nariz ou boca.

O patógeno também pode ser transmitido pelo toque em objetos contaminados pelo vírus, como roupas de cama, roupas e toalhas.

Gráfico mostra sintomas e transmissão da mpox
Foto: BBC News Brasil

O contato próximo com animais infectados, como macacos, ratos e esquilos, é outro possível caminho de contaminação.

Durante o surto global de 2022, o vírus se espalhou principalmente por meio do contato sexual.

O atual surto na República Democrática do Congo parece estar relacionado ao contato sexual, mas a doença foi diagnosticada em públicos diversos.

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Os surtos de mpox podem ser controlados por meio da prevenção de infecções — e a melhor maneira de fazer isso é com as vacinas.

Existem três imunizantes disponíveis, mas geralmente apenas as pessoas em risco ou que tiveram contato próximo com uma pessoa infectada podem tomá-los.

A OMS não recomenda atualmente a vacinação massiva, de populações inteiras.

São necessários mais estudos para saber o nível de proteção das vacinas atuais contra as novas versões do vírus.

A OMS pediu recentemente às farmacêuticas responsáveis por esses imunizantes para que elas fizessem testes mais amplos.

A ideia seria entender se esses produtos podem ser úteis numa situação de emergência, mesmo que ainda não tenham sido formalmente aprovados nos países onde podem ser necessários.

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Uma terapia desenvolvida para tratar a varíola comum também pode ser útil no tratamento da mpox, mas há pesquisas limitadas sobre a eficácia do remédio.

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