A morte de uma estudante de Medicina de 18 anos, na quarta-feira (28/2), após uma parada cardíaca, levantou um alerta sobre o impacto de infartos em jovens. Beatriz Vidal Scabello morreu após um mal estar repentino, que resultou em uma parada cardíaca. A aluna tinha sido levada para um hospital na cidade de Matão, no interior de São Paulo.
Especialistas apontam que, apesar de o corpo de uma pessoa jovem ter mais facilidade para se recuperar de doenças do que o de pessoas idosas, existem indícios de que o momento em que o infarto acontece pode ser pior para o público mais novo.
O ataque cardíaco acontece quando uma artéria está bloqueada. E uma das explicações para os organismos dos jovens sofrerem mais, em relação aos dos mais velhos é que, ao longo da vida, os corpos humanos vão se adaptando a situações comuns durante o envelhecimento, como vias bloqueadas. Uma das reações do organismo é criar novos caminhos, para contornar os vasos inacessíveis. Quando uma pessoa jovem sofre um infarto, o corpo ainda não tem essas rotas alternativas e não está preparado para reagir a um impacto tão forte.
Além disso, segundo o cardiologista e intervencionista Ricardo Peixoto, o impacto social que um infarto causa em um jovem pode ser muitas vezes maior. "É um fenômeno raro em jovens, quando comparado com a população mais velha, mas, por ser inesperado, traz importante impacto social e é amplamente publicizado", diz.
Um eventual óbito após um ataque cardíaco pode estar relacionado a fatores como a gravidade do ataque e o tempo de socorro. E a desinformação dos sintomas entre os mais jovens pode contribuir para que o grupo leve mais tempo para buscar socorro.
O atestado de óbito da aluna diz que ela morreu de choque séptico, segundo apurou o G1. O choque séptico é resultado de uma infecção, possivelmente bacteriana, que se alastra pelo corpo rapidamente e afeta diferentes órgãos. O Instituto Adolfo Lutz investiga se a jovem estava com dengue.
Doenças cardiovasculares podem ser evitadas
Apesar de a incidência de doenças cardiovasculares ser maior entre os idosos, jovens podem tê-las também. A prevenção é a melhor maneira de evitar o pior. Segundo o Dr. Ricardo Peixoto, grupos de risco, entre os jovens, devem passar por avaliações clínicas.
"Pacientes com história de morte súbita, ou que tenham sintomas como falta de ar, dor no peito ou perda de consciência, devem ser avaliados." O especialista sugere que o mesmo aconteça com pacientes que praticam atividade física de alta performance.
Além disso, o médico defende que representantes de escolas, da comunidade médica e do governo se mobilizem para informar os jovens sobre os perigos de doenças cardíacas e incentivar mudanças em hábitos, como tabagismo e obesidade, que podem levar a infartos.
"A população também deve ser orientada sobre sinais de alto risco como: dor no peito em aperto, dor no peito relacionada a esforços, falta de ar, perda súbita de consciência em repouso ou durante atividade física, e procurar atendimento adequado", finaliza.