Não é só covid: perda de olfato está ligada a mais de 100 doenças; veja lista

Cerca de 139 condições médicas compartilham este sinal de alerta na saúde.

12 nov 2024 - 14h16
(atualizado às 14h17)
Mulher sentindo cheiro de plantas.
Mulher sentindo cheiro de plantas.
Foto: Freepik

Problemas no olfato podem ser mais do que um simples incômodo. Uma pesquisa publicada na revista Frontiers in Molecular Neuroscience, indica que a perda de olfato pode ser um dos primeiros sinais de alerta para cerca de 139 condições médicas. Essas condições incluem doenças como Alzheimer, Parkinson, problemas cardiovasculares e outras disfunções graves.

A perda de olfato pode ser a primeira sinalização de algo errado no organismo. Em muitos casos, essa perda ocorre antes do aparecimento de outros sintomas, às vezes com anos de antecedência. Por exemplo, pessoas que desenvolvem Parkinson frequentemente apresentam uma diminuição do olfato antes de qualquer sintoma motor. Da mesma forma, os primeiros sinais de Alzheimer podem incluir dificuldades no olfato, que surgem antes das falhas de memória.

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Um dos aspectos dessa descoberta é a conexão entre a perda de olfato e a inflamação corporal. Embora a inflamação seja geralmente associada a inchaço e vermelhidão, ela é um processo complexo que afeta todo o corpo. Em todos os 139 casos de perda de olfato analisados no estudo, a inflamação foi um fator comum.

O estudo organizou essas condições em três grupos principais: neurológicas (que afetam o cérebro e o sistema nervoso), somáticas (ligadas ao corpo como um todo) e congênitas/hereditárias (presentes desde o nascimento ou herdadas). A lista inclui condições como depressão, diabetes e doenças cardíacas, demonstrando o quanto essa conexão é abrangente.

“Ao investigar tantas condições médicas, foi difícil rastrear os estudos necessários”, comentou Michael Leon, professor emérito da Escola de Ciências Biológicas Charlie Dunlop, na Universidade da Califórnia, Irvine.

A pesquisa ainda sugere que médicos podem prever a probabilidade de adultos mais velhos desenvolverem comprometimento cognitivo leve com base em sua capacidade de cheirar. E mais: uma função olfativa debilitada pode prever o risco de mortalidade com maior precisão do que indicadores tradicionais de doenças cardíacas.

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Há também uma notícia positiva: o estudo sugere que o “enriquecimento olfativo” — exercícios e exposição a diferentes aromas — pode ajudar a proteger contra algumas dessas condições. Semelhante a uma terapia física para o nariz, expor-se regularmente a diferentes cheiros mostrou melhorar a memória em adultos saudáveis e em pessoas com demência.

Outro estudo analisou que adultos mais velhos que inalaram óleos essenciais duas vezes ao dia durante cinco meses apresentaram melhoras na função verbal e menos sintomas de depressão em comparação ao grupo que se limitou a resolver quebra-cabeças. Mais uma pesquisa descobriu que, ao expor pessoas com demência a 40 odores diferentes duas vezes ao dia durante 15 dias, houve avanços na memória, atenção e linguagem. 

Alguns aromas, como eucalipto, lavanda e gengibre, também têm propriedades anti-inflamatórias, sugerindo que o estímulo olfativo pode ajudar a combater a inflamação relacionada a várias doenças.

A ligação única entre olfato e memória também chama atenção. Diferente dos outros sentidos, o olfato tem uma “via expressa” para áreas do cérebro responsáveis pelo processamento da memória, o que ajuda a explicar por que problemas olfativos podem preceder os problemas de memória em condições como o Alzheimer.

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“Os dados são particularmente interessantes porque já tínhamos observado que o enriquecimento olfativo pode melhorar a memória de adultos em até 226%”, destaca Leon. “Agora, sabemos que aromas agradáveis podem reduzir a inflamação, possivelmente revelando o mecanismo pelo qual esses cheiros promovem a saúde cerebral”, completa.

Assim, o nariz pode ser mais do que um receptor de cheiros e indicar problemas de saúde futuros. Veja a lista de condições médicas ligadas à perda de olfato e à inflamação:

Condições Neurológicas (Cérebro e Sistema Nervoso)

  • Doença de Alzheimer
  • Doença de Parkinson
  • Esclerose múltipla
  • Depressão (unipolar e bipolar)
  • Ansiedade
  • Autismo
  • Epilepsia
  • Síndrome da fadiga crônica
  • Perda de memória com o envelhecimento
  • Síndrome pós-COVID-19 (“COVID longa”)
  • Enxaqueca
  • Distúrbios do sono (incluindo narcolepsia e apneia do sono)
  • PTSD (transtorno de estresse pós-traumático)
  • Esquizofrenia
  • Lesão cerebral traumática
  • Derrame
  • Cefaleia em salvas
  • Fibromialgia
  • Diversos tipos de demência

Condições Corporais (Sistema Corporal) 

  • COVID-19
  • Doença cardiovascular
  • Diabetes
  • Obesidade
  • Câncer (cabeça e pescoço)
  • HIV/AIDS
  • Alergias
  • Asma
  • Artrite
  • Doença celíaca
  • Doença de Crohn
  • Cirrose
  • Insuficiência cardíaca
  • Doença renal
  • Desnutrição
  • Hipertensão arterial
  • Problemas de tireoide
  • Deficiência de vitamina B12
  • Deficiência de vitamina D

Condições Congênitas/Genéticas 

  • Síndrome de Down
  • Síndrome do X frágil
  • Fibrose cística
  • Doença de Wilson
  • Várias doenças genéticas raras que afetam o metabolismo e o desenvolvimento
Fonte: Redação Terra Você
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