Não pule os treinos de pernas na academia: entenda o perigo

Prática é comum entre homens. Além de prejudicar o ‘shape’, pular o treino de pernas pode acelerar o desenvolvimento de artrose

26 set 2023 - 09h46
(atualizado às 09h52)
Foto: Adobe Stock

Na academia de musculação, uma cena é muito comum entre os homens: peitorais, bíceps e dorsais definidos, grandes e com muitos músculos; pernas finas e fracas. Pular o “leg-day” (dia do treino de perna) é uma prática que o TikTok e o Reels levam com humor, mas é um dos principais erros cometidos pelos homens na musculação, justamente por ser o treino mais odiado e exaustivo. 

“As pernas são a base para a maioria das atividades. Elas abrigam alguns dos maiores músculos do corpo, e construir pernas saudáveis pode melhorar o desempenho, reduzir lesões e aumentar a resistência. Pular o treino de pernas é extremamente maléfico para uma das articulações mais importantes e sobrecarregadas do corpo: a dos joelhos", explica Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). 

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"Quando temos um aumento do peso corporal, pela hipertrofia dos músculos superiores, sem que os músculos da pele acompanhem esse aumento, criamos uma sobrecarga articular nos joelhos. Isso causa um trauma repetitivo e excessivo da cartilagem, que culmina em sua degeneração. É fundamental que o estímulo muscular também seja dado aos músculos da perna”, completa ele.

Em outras palavras, pular o leg-day pode prejudicar não só a estética corporal, o famoso ‘shape’, como também a saúde articular.

Massa da coxa deve ser sempre estimulada

O ortopedista destaca que a massa muscular da coxa deve ser sempre estimulada, já que ela tem músculos muito importantes para os joelhos. 

“Como o joelho depende da ação de 10 músculos para funcionar – quadríceps femoral (vasto medial, vasto intermédio, vasto lateral e reto femoral), isquiotibiais (semitendíneo, semimembranáceo e bíceps femoral), tensor da fáscia lata e gastrocnêmios (gastrocnêmio medial e gastrocnêmio lateral) – o alongamento e fortalecimento desses músculos protege e melhora a função articular dos joelhos”, diz o médico. 

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Além da artrose, uma condição degenerativa que causa desgaste das articulações e causa dor, há risco de condromalácia, quando a sobrecarga gera inflamação na cartilagem, que fica mole com o tempo. 

“Se o diagnóstico demorar a ser feito, o joelho pode ficar inoperável, piorando suas condições gradativamente”, diz o médico. 

Outras lesões geradas por excesso de carga são: lesão da cartilagem e lesão meniscal degenerativa.

Exercícios de perna são importanes

Agachamento, leg, stiff, flexora e extensora, enfim, todos os exercícios de perna são importantes, segundo o médico. “Eles trazem diretamente três benefícios básicos: 1) ajudam a manutenção do peso corporal; 2) fortalecem a musculatura exercendo assim um efeito de proteção das articulações através da melhora do desempenho biomecânico e sustentação do esqueleto; e 3) ativam a circulação do líquido sinovial que nutre a cartilagem através do processo de embebição”, explica o médico. 

“O ideal é dar a mesma atenção e intensidade que treinamos os músculos superiores. A progressão de carga deve ser feita com o tempo, tomando cuidados também com excessos para não lesionar os músculos e inflamar as articulações. Em caso de dores na região, é fundamental procurar um ortopedista.”

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Outros benefícios de treinar as pernas

Segundo a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), pelo tamanho dos músculos, toda forma de exercício físico que fortaleça essa região é extremamente benéfica para a circulação do corpo inteiro. Isso pode, até mesmo, ajudar na hipertrofia dos músculos superiores. 

“Além disso, é importante que tenhamos noção que, enquanto o coração é o grande protagonista do sistema arterial, a musculatura da panturrilha é o principal responsável pelo retorno efetivo do sangue para o pulmão. Por isso dizemos que a panturrilha é o coração das pernas. Dessa forma, é fácil imaginar que qualquer situação onde a panturrilha não funcione adequadamente vai piorar a circulação, diminuindo a velocidade do sangue dentro das veias”, explica a cirurgiã vascular. 

“Segundo estudo feito pelo King’s College, de Londres, exercitar os músculos das pernas têm papel essencial na manutenção das funções cognitivas, prevenindo perdas de memória e sinais de perda cognitiva associada à idade”, acrescenta Aline. 

“Os pesquisadores relataram uma notável relação protetora entre a aptidão muscular (a força das pernas) e a proteção cognitiva. Intervenções direcionadas para melhorar a força das pernas a longo prazo podem, segundo os pesquisadores, ajudar a alcançar uma meta universal de envelhecimento cognitivo saudável”, finaliza a médica, que também é membro do American College of Lifestyle Medicine.

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(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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