Você já imaginou alguém vagando pela casa com os olhos fechados, como se estivesse em uma missão secreta de pijama? Pois é, esses são os famosos sonâmbulos! Mas a realidade por trás desse comportamento noturno é mais intrigante do que se poderia supor.
Os cientistas do sono têm uma palavra para descrever esse fenômeno peculiar: "parassonia". Não se trata apenas de caminhar sem rumo pelo corredor; pode incluir desde atitudes simples, como sentar na cama confuso, até performances dignas de uma encenação, como sair da cama em estado de alerta máximo.
Estudando o cérebro dos sonâmbulos
Apesar de mais comuns entre os pequenos, cerca de 3% dos adultos ainda são pegos no flagra sonâmbulo. "Eles podem se meter em situações embaraçosas e até perigosas, e depois acordam se perguntando: 'O que diabos eu estava fazendo?'", esclarece Francesca Siclari, chefe do laboratório de sonhos do renomado Instituto Holandês de Neurociências.
Siclari e sua turma mergulharam fundo nesse mistério noturno para entender o que se passa na cabeça dos sonâmbulos. Contrariando a crença popular de que os sonhos são exclusivos do estágio REM, descobriram que eles podem acontecer em outras fases do sono também. Em alguns casos, os sonâmbulos parecem estar no "piloto automático", enquanto em outros, relatam aventuras oníricas dignas de um filme de ação.
A equipe conseguiu induzir episódios de sonambulismo em laboratório, mas o processo requer algumas gravações noturnas. Uma noite normal de sono é seguida por uma regada de cafeína e uma tentativa desesperada de dormir na manhã seguinte. Com um som estridente no momento certo, os cientistas conseguiram desencadear alguns episódios noturnos.
Os relatos dos pacientes variam entre perigos iminentes e ações automáticas, às vezes até bizarras. Alguns pensaram que o teto ia cair, enquanto outros se viram salvando joaninhas em perigo mortal. A explicação? Parece que tudo depende do estado cerebral no momento do ocorrido.
Mas não pense que a diversão acabou por aí! Siclari está de olho em novos estudos em grande escala e planeja uma investigação durante o sono REM. O objetivo? Descobrir quais sistemas neurais estão envolvidos nesse espetáculo noturno.
Embora o mistério ainda persista, a cientista está otimista quanto ao potencial de seu trabalho. Quem sabe, em breve, teremos tratamentos específicos para os sonâmbulos, livrando-os das perigosas aventuras noturnas e das encrencas matinais.