O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 79 anos, precisou ser submetido às pressas a uma cirurgia de trepanação na madrugada desta terça-feira, 10, após sentir dores de cabeça. De acordo com o boletim divulgado pelo Hospital Sírio-Líbanês, em São Paulo, uma ressonância magnética identificou uma hemorragia intracraniana, decorrente do acidente domiciliar sofrido em outubro.
Inicialmente divulgado como ‘craniotomia’, o procedimento realizado pelo presidente foi, na verdade, uma trepanação, de acordo com o médico neurologista que acompanhou o presidente, Mauro Suzuki, durante a coletiva de imprensa realizada pelos especialistas do Hospital Sírio-Líbanês nesta manhã.
O que é a cirurgia de trepanação?
De acordo com Suzuki, a trepanação é uma pequena perfuração no crânio, por onde são introduzidos, no caso do presidente Lula, um único dreno. O médico informou que o procedimento é relativamente padrão em neurocirurgia.
“Não é uma violação do crânio importante e cursa geralmente com uma cicatrização espontânea dessa abertura sem a necessidade de nenhuma outra intervenção futura para fechamento”, explicou em coletiva.
Qual a diferença entre a trepanação e a craniotomia?
Ainda na coletiva de imprensa, o neurologista Mauro Suzuki, explicou que o termo não está errado, mas que é usado geralmente em intervenções com aberturas maiores no crânio.
Na craniotomia, uma porção maior do osso do crânio é removida temporariamente para permitir o acesso direto ao cérebro e é, geralmente, recolocada ao final da cirurgia, fixada com placas e parafusos.
Em quais casos a trepanação é indicada?
A trepanação pode ser usada para drenar hematomas epidurais, subdurais ou intracerebrais, que exercem pressão no cérebro. Em lesões cerebrais traumáticas, a trepanação pode aliviar a pressão no crânio e evitar danos cerebrais graves e em casos de abscessos cerebrais, a trepanação pode ser usada para drenar o conteúdo purulento e aliviar a pressão.
Quais são os riscos e benefícios desse procedimento?
Em casos de hematomas intracranianos, abscessos cerebrais ou hidrocefalia, a trepanação permite a drenagem de fluidos acumulados, reduzindo a pressão sobre o tecido cerebral e prevenindo danos adicionais.
A criação de um orifício no crânio facilita o acesso a áreas específicas do cérebro, essencial para intervenções como biópsias, remoção de tumores ou tratamento de aneurismas.
Entre os riscos estão infecções, hemorragia, danos neurológicos e complicações anestésicas.
Como está o presidente?
De acordo com o médico cardiologista Roberto Kalil Filho, o presidente está acordado e conversando normalmente. A médica Ana Helena informou que acompanhou Lula durante a viagem para São Paulo e que ele esteve consciente o tempo todo.
"O presidente evoluiu bem, já chegou da cirurgia praticamente acordado, foi extubado e encontra-se agora estável, conversando normalmente, se alimentando e deverá ficar em observação nos próximos dias", disse Kalil.