O que significa ter um infarto? Conheça os sintomas (além de dor no peito) e o tratamento inicial

Um ataque cardíaco pode se manifestar de diversas maneiras, causando desde um aperto no peito até desconfortos que muitas vezes se confundem com azia ou indigestão

23 set 2024 - 09h51

Ao imaginar um ataque cardíaco, você provavelmente pensa em alguém segurando o peito em agonia, sendo apressadamente levado ao hospital, e talvez até morrendo antes de chegar ao local. Embora esse cenário seja possível, a verdade é que a realidade se mostra, muitas vezes, bem diferente.

A razão disso é que ataques cardíacos não seguem um caminho linear. Os sintomas podem ser severos ou sutis. O processo subjacente que causa um infarto pode ser diferente para cada um. As pessoas podem experimentar danos cardíacos brandos ou significativos - ou até mesmo nenhum.

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"Nem todos os ataques cardíacos acontecem da mesma maneira, então o diagnóstico requer a combinação da avaliação do médico sobre sinais e sintomas, além de resultados de testes", explica Peter Libby, um cardiologista do Heart and Vascular Center, no Brigham and Women's Hospital, afiliado à Harvard.

O que exatamente é um ataque cardíaco?

A maioria dos ataques cardíacos ocorre quando uma das artérias coronárias (os vasos que fornecem sangue para o coração) é incapaz de entregar sangue suficiente a uma área do coração, ou de ofertar qualquer quantidade de sangue. A causa subjacente mais comum é a formação de uma placa gordurosa em uma ou mais artérias coronárias.

Há dois mecanismos diferentes que causam esse fluxo sanguíneo comprometido. Os médicos os definem como ataques cardíacos do tipo 1 e tipo 2. "A distinção é importante porque os vários tipos de ataques cardíacos podem ser tratados de maneira totalmente diferentes", explica Libby. Entenda um pouco sobre cada um:

  • Tipo 1

Com um ataque cardíaco do tipo 1, a capa sobre um depósito de placa se rompe e libera substâncias químicas que desencadeiam a formação de um coágulo sanguíneo. O coágulo bloqueia a artéria, interferindo no fluxo sanguíneo para parte do coração.

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  • Tipo 2

Um ataque cardíaco do tipo 2 não envolve uma placa rompida. Em vez disso, acontece quando há uma incompatibilidade entre a quantidade de sangue que uma parte do músculo cardíaco precisa e o suprimento sanguíneo na artéria coronária que alimenta essa área do coração.

O gatilho para esse tipo de ataque cardíaco pode ser uma condição que coloca estresse extra no órgão, como uma gripe ou pneumonia, um ritmo cardíaco anormal (resultando em uma frequência cardíaca acelerada) ou um pico significativo na pressão arterial.

Sintomas de um ataque cardíaco

Quando um ataque cardíaco ocorre, pode desencadear uma variedade de sintomas. O mais comum é a dor torácica, normalmente descrita como uma sensação de esmagamento, aperto, pressão, peso ou, ocasionalmente, facada ou ardor.

A dor no peito tende a ser focada no centro do peito ou logo abaixo do centro da caixa torácica, e ela pode se espalhar para braços, abdômen, pescoço ou mandíbula inferior.

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Também é possível ter um ataque cardíaco e não saber. Isso é conhecido como um ataque cardíaco silencioso. Os sintomas não têm a intensidade de um infarto clássico. Em vez disso, eles podem aparecer como desconforto no peito que vem e vai; dor em um ou ambos os braços, pescoço ou mandíbula; falta de ar súbita; suor frio; ou sensação de náusea ou tontura. "Como esses sintomas podem parecer tão leves e breves, frequentemente são confundidos com desconfortos regulares, como indigestão ou azia", aponta Libby.

Diagnosticando um ataque cardíaco

Se você tiver qualquer suspeita de que possa estar sofrendo um ataque cardíaco, não hesite: ligue para o serviço de emergência. Assim que chegar ao hospital, a equipe fará uma rápida revisão de seus sintomas.

Em caso de suspeita de infarto, o médico pedirá imediatamente um eletrocardiograma (ECG) e uma análise ao sangue para medir os níveis de troponina, uma proteína das células do músculo cardíaco que passa para a corrente sanguínea quando ocorre qualquer tipo de lesão cardíaca.

Os médicos procuram por níveis elevados de troponina e certas mudanças no padrão elétrico no ECG para chegar a um diagnóstico. Ambos os testes são usados porque cada um deles pode ser normal ou mostrar apenas mudanças mínimas no estágio inicial de um ataque cardíaco.

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Mesmo com resultados normais de ECG e troponina, médicos do serviço de emergência vão iniciar o tratamento imediato se seus sintomas forem altamente sugestivos de um infarto, especialmente no caso de múltiplos fatores de risco cardíaco.

Tratamento inicial

Se seus exames sugerirem que você está tendo um ataque cardíaco do tipo 1 ou tipo 2, na maioria das vezes o médico prescreverá vários comprimidos. Eles incluem aspirina; uma estatina de alta dose, como atorvastatina ou rosuvastatina; e um betabloqueador para diminuir sua frequência cardíaca e reduzir o estresse do coração. Você também receberá uma infusão intravenosa de heparina, um medicamento que desencoraja a coagulação sanguínea.

Se você for diagnosticado com um provável ataque cardíaco do tipo 1 com obstrução total da artéria, o médico deve enviá-lo para o laboratório de cateterismo cardíaco para uma angioplastia e colocação de stent, um procedimento minimamente invasivo para desobstruir a artéria e mantê-la aberta. Esse procedimento pode restaurar o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco lesionado e minimizar os danos permanentes.

Se o diagnóstico apontar um ataque cardíaco do tipo 2, o objetivo é restaurar a incompatibilidade entre o suprimento e a demanda de sangue. Além dos medicamentos mencionados acima, você precisará de tratamento para qualquer problema médico que tenha estressado o coração, como uma infecção ou um ritmo cardíaco anormalmente rápido.

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Uma vez que sua condição esteja estável, o médico desenhará uma estratégia para ajudar na recuperação.

"Após o primeiro ataque cardíaco, o objetivo é simples: evitar um segundo e prevenir o enfraquecimento adicional do músculo cardíaco, que pode levar à insuficiência cardíaca", descreve Libby. Isso inclui fazer mudanças na alimentação, praticar exercícios regularmente, manter um regime de medicação personalizado e, talvez, realizar reabilitação cardíaca.

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