O desenvolvimento de câncer de mama e outros tipos de tumor é mais comum em casos de pessoas obesas
A obesidade é considerada uma das maiores ameaças à saúde pública no Brasil e no mundo, e atinge cerca de 41 milhões de pessoas no país. Esse número é representado por aproximadamente 26% da população, de acordo com dados recentes. E as projeções são ainda mais alarmantes! Segundo a World Obesity Federation (WOF), até 2035, 41% dos brasileiros terão obesidade, o que reforça a necessidade de discutir os impactos dessa doença crônica.
Obesidade - uma porta para o câncer
Entre riscos reais associados ao excesso de peso, a relação com o câncer é uma das mais preocupantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que 10 milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de diferentes tipos de tumores malignos.
A médica nutróloga, Dra. Andrea Pereira, cofundadora da ONG Obesidade Brasil, reforça que a ajuda profissional é a forma mais efetiva de tratar a obesidade, já que isso deve ser feito de forma multidisciplinar e engloba diferentes frentes, como prática regular de atividade física, reeducação alimentar, acompanhamento psicológico, medicação e cirurgia bariátrica.
"O excesso de peso, além de estar associado a diversos outros problemas de saúde como diabetes, pressão alta, asma, gota, dor de cabeça, aumento de colesterol, sobrecarga do sistema ósseo e articular, ainda leva a uma pior resposta ao tratamento desses cânceres, mais casos de mortalidade, complicações e maior toxicidade", explica a especialista.
O câncer no Brasil
Estudos do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que o excesso de peso é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de 13 tipos de câncer. Entre eles, está o de mama, que está entre os mais diagnosticados no país. Os cinco tipos de câncer mais comuns no país são o de mama, pulmão, colorretal, próstata e pele.
O risco de câncer e a obesidade
Além do câncer de mama, outros tumores associados à obesidade são os de esôfago (adenocarcinoma), estômago (cárdia), pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino (cólon e reto), rins, ovário, endométrio, meningioma, tireoide e mieloma múltiplo e possivelmente associado aos de próstata (avançado), mama (homens) e linfoma difuso de grandes células B.
A cirurgia bariátrica
Segundo o cirurgião bariátrico e presidente da ONG Obesidade Brasil, Dr. Carlos Schiavon, Coordenador de Ensino e Pesquisa do Núcleo de Obesidade e Cirurgia Bariátrica da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a cirurgia bariátrica altera diversos aspectos da vida dos pacientes e deve ser avaliada como opção de tratamento.
"O primeiro aspecto é a própria relação com a comida, já que os pacientes passam a comer porções menores e alimentos menos calóricos e mais saudáveis. A perda de peso facilita a prática de atividade física, que era difícil de ser realizada antes da cirurgia e muitas vezes acompanhada de dores. Temos estudos também que já comprovam o controle de hipertensão e diabetes após a realização da bariátrica. A autoestima também tem uma grande melhora", conta Schiavon.
Obesidade não é falta de força de vontade
Andrea Levy, psicóloga e cofundadora da ONG Obesidade Brasil, reforça que as pessoas ainda relacionam a obesidade à falha de caráter, falta de força de vontade ou algo que seja fácil de controlar. Mas isso não é verdade, já que se trata de uma doença crônica que precisa de tratamento. "O primeiro passo é vencer o preconceito para buscar tratamento, já que ainda existem muitas pessoas que acreditam que a obesidade não seja uma doença", conclui Andrea.
Sobre a ONG Obesidade Brasil
A primeira organização sem fins lucrativos do mundo direcionada a pessoas com obesidade é o Instituto Obesidade Brasil. Ele foi criado com o objetivo de conscientizar e trazer informações claras e objetivas, sempre com mentoria científica, linguagem acessível sobre obesidade, prevenção, diagnóstico, tratamento, novas tecnologias. Além disso, oferece direcionamento aos centros públicos e gratuitos de atendimento, ajudando da melhor forma possível.
A ONG foi fundada em fevereiro de 2020 para conscientizar pessoas de que a obesidade é uma doença multifatorial e crônica. Atualmente, conta com um Conselho Científico composto por especialistas colaboradores de todo o território brasileiro. São pessoas de perfil multidisciplinar, que adotam o conceito de saúde universal e trabalham para que todos tenham acesso à ajuda médica especializada.