Casais que sofrem com infertilidade geralmente são aconselhados a mudar os hábitos de vida e os médicos costumam questionar a qualidade do sono e analisar o sobrepeso.
“Tanto a insônia quanto a obesidade podem diminuir as chances de concepção. No caso da fertilidade feminina, enquanto a obesidade diminui em 60% a capacidade reprodutiva, o sono também interfere de maneira importante, já que ele é fundamental para o bom funcionamento da hipófise, glândula responsável pela produção de uma série de hormônios, inclusive daqueles ligados à estimulação dos ovários. Logo, quando o período de repouso é curto ou de pouca qualidade, essa glândula não funciona da maneira como deveria, o que, consequentemente, interfere na fertilidade”, explica Rodrigo Rosa, especialista em Reprodução Humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.
Um estudo recente publicado em junho na BMC Women's Health mostrou que o impacto combinado de obesidade e insônia é ainda maior na fertilidade feminina.
Alguns estudos já mostraram que o risco de infertilidade em mulheres obesas é duas vezes maior em comparação com mulheres com peso normal.
“Em paralelo, a curta duração do sono e o sono tardio podem constituir fatores de risco potenciais para a infertilidade feminina. Estudos indicam que mulheres em idade reprodutiva com distúrbios do sono exibem um risco maior de infertilidade”, comenta o médico.
“Vale ressaltar que existe uma estreita associação entre obesidade e parâmetros do sono. Tanto a curta quanto a longa duração do sono têm sido consideradas fatores de risco para obesidade. Quando combinados, a obesidade e os distúrbios do sono podem contribuir sinergicamente para os potenciais mecanismos patológicos da infertilidade, como inflamação e resistência à insulina”, diz o especialista.
As chances de infertilidade
O estudo utilizou dados de 2017–2020 e incluiu 1.577 mulheres na análise final. Dentre elas, 1.035 foram classificadas com sobrepeso/obesidade. Um total de 777 mulheres tiveram problemas para dormir e 350 mulheres tiveram duração de sono insuficiente. As mulheres com infertilidade eram 191 e as sem infertilidade eram 1.386.
Como resultado, o trabalho mostrou que há um grande efeito combinado no aumento das chances de infertilidade, de forma que mulheres com obesidade abdominal e dificuldade para dormir tem 2,18 vezes mais chance de infertilidade e aquelas com obesidade abdominal e duração do sono menor que 7h tinham 2 vezes mais chance.
Entre as que estavam em sobrepeso e tinham dificuldade para dormir, o risco de infertilidade era 2,29 vezes maior, enquanto as que estavam em sobrepeso e dormiam menos que 7h tinham 1,88 vezes mais chance de sofrer com infertilidade.
“As mulheres em idade reprodutiva devem prestar atenção ao seu peso corporal e aos padrões de sono e a coexistência de problemas para dormir (ou duração insuficiente do sono) e sobrepeso, obesidade e obesidade abdominal, pois pode expô-las a um maior risco de infertilidade”, diz o médico.
“Um estilo de vida saudável, adotando uma alimentação balanceada, dormindo bem e praticando exercícios físicos com regularidade, é a melhor maneira de manter o bom funcionamento do organismo e assim melhorar a fertilidade e as chances de gravidez”, finaliza Rodrigo Rosa.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.