A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta sexta-feira, 27, que a pandemia do novo coronavírus pode afetar todas as pessoas de todas as idades. Com o número crescente de casos - já são mais de 500 mil -, a entidade passou a identificar mais contaminações e mortes de pessoas com menos de 60 anos em sua base de dados.
"Essa é uma doença capaz de causar impactos em todas as pessoas de todas as idades", afirmou Maria Van Kherkove, especialista em doenças infecciosas da OMS. Na Coreia do Sul, apenas 20% dos casos de contaminação eram de pessoas com mais de 60 anos. Na Itália, 15% dos internados em unidades de terapia intensiva tinham menos de 50 anos. "A grande questão é que você pode transmitir para alguém e a pessoa morrer. Todo mundo tem um papel nisso".
A OMS enfatizou, no entanto, que os grupos de maior risco continuam sendo os idosos. As autoridades reafirmaram que não existe nenhum remédio ou evidência de medicamentos comprovadamente eficazes contra o coronavírus. "Pedimos que indivíduos e países se abstenham de usar medicamentos que não demonstraram ser eficazes no tratamento da covid-19", afirmou o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreysus.
O líder da OMS afirmou que se reuniu nesta sexta com ministros da Saúde de cerca de 50 países que dividiram experiências exitosas. Ele destacou a necessidade de detecção precoce e isolamento dos casos confirmados, a identificação, o acompanhamento e a quarentena de quem entrou em contato com pessoas contaminadas. A necessidade de otimizar os cuidados, obter a confiança da população e envolvê-la na luta contra o coronavírus também foi destacada.
Ele também participou da reunião de líderes do G-20 na quinta e pediu união, cooperação internacional e estímulos para que os países desenvolvam as ferramentas necessárias para lutar contra o coronavírus.
Tedros manifestou preocupação com a saúde dos profissionais que cuidam dos contaminados, destacando as desigualdades entre países mais e menos desenvolvidos. "Quando profissionais da saúde estão em risco, estamos todos em risco. Os trabalhadores da saúde nos países de baixa e média renda merecem a mesma proteção que os dos países mais ricos. A escassez global de equipamentos de proteção individual é uma das ameaças mais urgentes à nossa capacidade de salvar vidas".
Tedros informou ainda que o fundo de solidariedade contra o coronavírus já recebeu US$ 108 milhões, com doações de mais de 203 mil pessoas e organizações. "Para fortalecer nosso apelo a todos os países para que conduzam pesquisas e façam testes, estamos trabalhando para aumentar massivamente a produção e a capacidade de testes em todo o mundo", afirmou. "O sucesso de um país é o sucesso de outro. E o fracasso de um é o do outro. Estamos juntos nessa luta", resumiu Maria Kherkove.
O mundo tem vivido uma batalha política entre quem exige ações urgentes e restritivas contra a pandemia, como o governador de Nova York, Andrew Cuomo, e o presidente Donald Trump. O mesmo acontece no Brasil, onde governadores como João Doria, de São Paulo, e Ronaldo Caiado, de Goiás, defendem mais restrições, enquanto o presidente Jair Bolsonaro critica a quarentena e minimiza o impacto do coronavírus.