A condição se assemelha à síndrome de kawasaki, uma síndrome vascular cuja causa segue indeterminada. Segundo a Sociedade de Cuidados Pediatrícos Intensivos, a síndrome, principalmente presente em crianças menores de cinco anos, faz com que os vasos sanguíneos se inflamem.
O serviço público de saúde britânico NHS emitiu um alerta neste fim de semana sobre um pequeno número de crianças que apresentavam um conjunto pouco comum de sintomas, que incluem dor abdominal, transtornos gastrointestinais e inflamação em torno do coração. Eles tiveram que receber cuidados intensivos, segundo o informe publicado no diário do serviço de saúde.
Segundo um jornal regional da França, foram registrados cerca de vinte casos similares nas imediações da capital Paris. "São crianças entre 2 e 10 anos que não tem doenças crônicas", disse ao jornal a médica Isabelle Kone Paut, professora de reumatologia pediátrica do Hospital Kremlin-Bicêtre, em Paris.
"Estou muito preocupado pelos primeiros sinais de que, em casos raros, há uma resposta autoimune das crianças que causa uma doença significativa", disse o ministro britânico Matt Hancock à emissora de rádio LBC.
"É uma doença nova que acreditamos que pode ser causada pelo novo coronavírus", afirmou. Algumas crianças com esta síndrome testaram positivo para o coronavírus e outros não. "Faremos uma grande investigação agora. Também destacaria que isso é pouco habitual. Ainda que seja muito significativo para as crianças que a contraem, o número de casos é pequeno", disse. O jornal The Guardian contabilizou ao menos 12 casos.
O diretor médico do NHS na Inglaterra, Stephen Powis, afirmou na segunda-feira, 27, que é muito cedo para dizer se a doença está relacionada com o coronavírus, mas o tema está sendo analisado com urgência. "A evidência de todo o mundo nos mostra que as crianças parecem ser a parte da população menos afetada (pelo coronavírus)", declarou Russell Viner, presidente do Real Colegio de Pediatria e Saúde Infantil.
Ainda assim, "as novas doenças podem se apresentar de formas que nos surpreendem e os médicos devem ser conscientes de qualquer evidência emergente de sintomas particulares ou de condições subjacentes que podem tornar um paciente mais vulnerável ao vírus", acrescentou. /AFP