Pazuello recebe defensores de uso retal de ozônio para covid

Prática ganhou notoriedade após defesa feita pelo prefeito de Itajaí de aplicação do tratamento, que ainda não é comprovado

5 ago 2020 - 18h14
(atualizado às 18h24)

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, recebeu na última segunda-feira, 3, defensores do uso do ozônio como forma de tratamento para o novo coronavírus. O deputado Giovani Cherini (PL-RS) participou do encontro e apresentou o projeto de tratamento da Ozonioterapia em pacientes com covid-19. A prática ganhou notoriedade após o prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni, defender a aplicação de ozônio, pelo ânus, em casos que tiveram diagnóstico do novo coronavírus.

Ministro recebe defensores do uso de ozônio pelo ânus para tratar covid-19.
Ministro recebe defensores do uso de ozônio pelo ânus para tratar covid-19.
Foto: Reprodução/ Facebook Giovani Cherini / Estadão Conteúdo

Segundo Cherini, hospitais do Rio Grande do Sul já estão implantando a 'Ozonioterapia' como opção de tratamento. "Um deles é o do Hospital Vila Nova, de Porto Alegre", afirma. O grupo foi liderado pela médica Maria Emília Gadelha Serra. Nas redes sociais, ela comemorou: "Ozonioterapia na Saúde!", em foto ao lado de Pazuello.

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Participaram da reunião, o assessor parlamentar da pasta, Gustavo Machado Pires, o diretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges), Vinícius Nunes Azevedo.

Também estiveram com o ministro os deputados Osmar Terra (MDB-RS), e Darsísio Perondi, além de Airton Antônio Soligo, conhecido como Airton Cascavel, assessor especial do ministro.

OZONIOTERAPIA NA SAÚDE ! Nesta tarde, em Brasília, realizamos mais uma reunião com o Ministro da Saúde, Eduardo...

Publicado por Giovani Cherini em Segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Especialistas da área de saúde

Médicos também analisam com preocupação a aplicação retal de ozônio como tratamento para pacientes com covid-19. "Esta medida tem nenhuma evidência científica.

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Até o momento, não temos nenhum medicamento comprovadamente eficaz e seguro nem para a prevenção nem para o tratamento da doença", afirma Leonardo Weissmann, consultor da SBI.

Segundo o infectologista, ações preventivas continuam sendo fundamentais para reduzir o número de casos. "Medidas de distanciamento de 1,5 a 2 metros entre as pessoas, o uso de máscaras de proteção facial por todos, além de lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou usar o álcool gel a 70%".

"Se alguém sugere algum tratamento fora do usual, precisa ter justificativa técnica que explique o tratamento. Os experimentos com ozônio não tem nenhuma base científica ou lógica que consigam explicar sua ação no coronavírus", avalia Lauro Ferreira Pinto Neto, infectologista da SBI e professor da Santa Casa de Vitória.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) afirmou que médicos estão proibidos de prescrever ozonioterapia dentro de consultórios e hospitais por força de uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM 2181/2018). "A exceção pode acontecer em caso de participação dos pacientes em estudos de caráter experimental, com base em protocolos clínicos e critérios definidos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa", indicou o órgão em nota.

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