Neste Novembro Azul, mês das campanhas de prevenção ao câncer de próstata, Haziz Tanure, de 75 anos, narra em relato exclusivo à repórter Erem Carla, do Terra Você, sua experiência ao receber o diagnóstico de câncer de próstata apenas um ano após perder o irmão, Janiz Tanure, 72, para a mesma doença.
Minha história com a prevenção do câncer de próstata começou há muitos anos, quando, aos 40, decidi que faria os exames anualmente. Todo ano, sem falta, fazia o PSA e o toque retal, mesmo quando o assunto ainda era um tabu para muitos. Eu sabia que a prevenção era importante e mantinha essa rotina para me cuidar.
No início, meus exames sempre deram normais, o que me deixava tranquilo. Durante muito tempo, meu urologista, que vinha até Araçuaí (MG), reforçava que estava tudo certo. Mas, de dois anos para cá, notei que o meu PSA — o antígeno prostático específico, que pode indicar problemas na próstata — começou a subir, chegando a 3,2 ng/mL. Meu médico dizia que ainda estava dentro do aceitável, mas eu comecei a me preocupar.
"Em maio de 2023, a doença bateu na minha família de forma devastadora."
Perdi meu irmão, Janiz, para o câncer de próstata. Ele nunca fez exames preventivos, achava que não precisava e até me criticava por ser tão rigoroso com esses cuidados. Quando ele descobriu a doença, já era tarde demais e ele enfrentou apenas dor e sofrimento, sem muitas alternativas de tratamento. Ver de perto o que ele passou mexeu muito comigo.
Logo depois, fiz meus exames de rotina e notei outra elevação no PSA. O valor foi de 2,2 para 3,2 em um curto espaço de tempo. Algo me dizia que eu precisava investigar mais a fundo, então minha esposa e eu decidimos buscar uma segunda opinião em Belo Horizonte, onde consultei o médico Fernando Parma Masticano.
Em BH, contei minha história ao doutor Fernando, e ele me ouviu com atenção. Após avaliar meus exames, ele nos recomendou fazer uma biópsia para esclarecer o quadro. Quando o resultado saiu, foi confirmado um início de câncer de próstata.
"Fiquei sem chão."
Aquela imagem do meu irmão e do sofrimento que ele passou voltou à minha mente. No entanto, o doutor Fernando explicou o diagnóstico com muita calma, me deu todas as informações e transmitiu uma segurança que nos ajudou a enfrentar a situação.
Depois de conversar bastante com minha esposa e de entender as opções, optamos pela cirurgia de remoção total da próstata, feita com a técnica robótica. Essa escolha foi uma forma de buscar o tratamento mais avançado e seguro, minimizando as chances de sequelas. A cirurgia aconteceu em 30 de agosto de 2024. O processo foi um sucesso, e hoje estou muito bem, sem incontinência urinária ou outras complicações.
A experiência mudou minha perspectiva sobre o que realmente importa. Minha esposa sempre insistiu para que eu seguisse com os check-ups anuais, e, por vezes, eu até resistia. Hoje, vejo o quanto ela estava certa. Cuidar-se, fazer exames preventivos e não ignorar sinais do corpo fazem toda a diferença para uma vida mais longa e saudável.
"Não subestimem a importância da prevenção."
Se houver alguma alteração nos exames, não hesite em procurar especialistas e esclarecer todas as dúvidas. Deixar o machismo e o preconceito de lado e cuidar da saúde pode salvar vidas. Eu incentivo todos os amigos e familiares a fazerem o mesmo, porque, na prática, aprendi que prevenir é proteger a própria vida.