PMMA: o que é a substância por trás de diversos procedimentos estéticos que deram errado?

Influenciadora digital morreu terça-feira (2) ao realizar procedimento para aumentar os glúteos; Anvisa só libera o uso em casos específicos

3 jul 2024 - 14h18
(atualizado em 4/7/2024 às 11h32)
A influenciadora digital Aline Maria Ferreira da Silva, de 33 anos, que morreu na última terça-feira (2)
A influenciadora digital Aline Maria Ferreira da Silva, de 33 anos, que morreu na última terça-feira (2)
Foto: Reprodução/Instagram/@linefrreira

Produto utilizado em procedimentos médicos e estéticos, o PMMA (polimetilmetacrilato) é uma substância que ganhou má fama depois que seu uso causou complicações graves em pacientes e alguns até morreram. O componente ficou ainda mais conhecido há 6 anos, depois que uma paciente morreu após realizar um implante clandestino.

O responsável foi o médico Denis Cesar Barros Furtado, também conhecido como Doutor Bumbum. Mesmo não sendo cirurgião plástico, ele aplicava o PMMA em sua casa. A bancária Lilian Calixto, 46, foi uma das vítimas fatais e sofreu embolia pulmonar devido à aplicação do PMMA no glúteo.

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Ainda que diversos casos como o de Lilian tenham repercutido na mídia, o uso do PMMA continuou. Em fevereiro deste ano, uma mulher perdeu o lábio ao fazer aplicação da substância. Agora, o caso mais recente é o da influenciadora digital Aline Maria Ferreira da Silva, de 33 anos, que morreu na última terça-feira (2), nove dias após aplicar a subtância em um procedimento estético para aumentar os glúteos.

O procedimento foi realizado em uma clínica de estética em Goiânia, e a influenciadora teria retornado para Brasília, onde morava, no mesmo dia. Ao G1, o marido relatou que Aline começou a ter febre e se queixar de dores já no dia seguinte à aplicação. A dona da clínica que realizou a aplicação, a biomédica Grazielly da Silva Barbosa, foi presa em flagrante pela Polícia Civil de Goiás, Estado em que atuava.

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Não recomendado para fins estéticos

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) diz que o PMMA pode ser usado em procedimentos estéticos para corrigir rugas e restaurar pequenos volumes perdidos de tecidos com o envelhecimento. Porém, nem a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) nem a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) recomendam o uso do produto para fins estéticos. 

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De acordo com o CFM (Conselho Federal de Medicina), quando usado em grandes quantidades, o PMMA não é seguro, tem resultados imprevisíveis a longo prazo e pode causar reações incuráveis, como inflamações, nódulos, necrose e até a morte.

Ao invés de usar o PMMA, o biomédico Thiago Martins sugere o uso de outras substâncias mais seguras para realizar o preenchimento, como é o caso do ácido hialurônico. O biomédico explica que, a depender do tamanho da partícula do Polimetilmetacrilato (PMMA), a resposta do organismo pode ser mais ou menos intensa.

O que é PMMA, substância por trás de diversos procedimentos estéticos que deram errado?
Foto: Unsplash

Além disso, "a composição e a consistência do produto também afetam sua capacidade de permanecer estável no local de injeção. Materiais de baixa qualidade ou inadequadamente aplicados podem migrar para áreas adjacentes, levando a resultados estéticos indesejáveis e complicações". 

Existe também o risco de o paciente desenvolver reações alérgicas aos componentes do PMMA ou a substâncias associadas utilizadas no procedimento, bem como infecções, seja pela técnica de aplicação, pela não esterilidade do produto ou pela resposta imunológica do hospedeiro. 

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Porém, segundo médicos da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), o PMMA pode ser usado para realizar o preenchimento facial em casos muito específicos, como o de pessoas com HIV/Aids para corrigir a lipodistrofia causada pelos medicamentos, indicação prevista pela Anvisa em portaria de 2009. A lipodistrofia é uma alteração na distribuição de gordura no corpo que pode ser causada por fatores hormonais, genéticos e externos.

Já para casos estéticos, a orientação é usar outra substância entre as disponíveis atualmente. "O tratamento é sempre personalizado para maximizar a recuperação funcional e estética. Mas a recomendação é não fazer [uso do PMMA]. Existem alternativas mais seguras como o ácido hialurônico. Ele tem efeito temporário e biocompatível, enquanto o PMMA é permanente”, já havia explicado o médico dermatologista Lucas Miranda em entrevista anterior ao Terra.

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Fonte: Redação Terra Você
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